Herman Hoeksema
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Se podemos assim conceber da própria essência do pacto, então o pacto não é um caminho para certo fim, não é um meio para o alcance de certo propósito, e não é a maneira pela qual somos salvos. Ele mesmo é o mais alto propósito, o fim, a bem-aventurança eterna, para o qual todas as coisas tendem e devem tender. Então, o propósito de todas as coisas é sempre o pacto de Deus. Então o pacto determina e domina o todo do conselho de Deus, e o todo da história se concentra ao redor da mais alta realização do pacto de Deus.
Esse é o único propósito na criação e recriação. Esse é o propósito da palavra, da cruz e ressurreição, e da união de todas as coisas no céu e na terra em Emanuel, Deus conosco. No pacto de Deus é encontrado o motivo da luta de todas as eras no mundo. Nesse pacto é encontrada a razão para a consumação de todas as coisas. A idéia do pacto domina toda a existência, e toda a vida, e todas as relações das criaturas para com Deus e das criaturas mutuamente. Tão dominadora é a idéia do pacto que não seria impossível escrever uma dogmática completa a partir do ponto de vista do pacto. Não um caminho, e não um meio, mas o destino final e o propósito todo dominador, é o pacto de Deus.
Deveria ser claro que esse conceito de pacto deve alterar a apresentação comum do pactum salutis ou o conselho de paz. Aquele que uma vez entendeu essa bela e toda dominadora idéia do pacto que cintila de espírito e vida, certamente não pode mais ser atraído pela apresentação seca e escolástica do pacto de paz que apresenta o Pai como concluindo um acordo com o Filho, um acordo no qual o Pai e o Filho mutuamente apresentam suas demandas e condições, uma apresentação na qual nenhum lugar é encontrado para o Espírito Santo. Aquele que uma vez aprendeu a entender a idéia pactual viva da Sagrada Escritura está espontaneamente convencido que o conceito usual do pactum salutis ou conselho de paz é certamente um equívoco e não pode ser aplicado ao Deus vivo pactual.
Podemos adicionar mais algo agora. Primeiro, desejamos apontar que à parte da idéia do pacto como a deduzimos a partir da vida do próprio Deus triúno, a Escritura em outros lugares apresenta a mesma idéia do pacto entre Deus e o homem.
Fonte: Reformed Dogmatics, Herman Hoeksema, Reformed Free Publishing Association, vol. 1, pp. 460-461.
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