Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
A Escritura mostra claramente que o pacto com Abraão é o mesmo que o pacto com Israel. Quando Deus fez seu pacto com Abraão, ele o fez também com a sua semente (Gn. 17:7), e quando Deus estabeleceu seu pacto com Israel, ele deixou claro que ele estava apenas mantendo o pacto que ele já tinha feito com Abraão, Isaque e Jacó (Ex. 3:15-16).
Isso é importante porque significa que o que era verdadeiro para Abraão no pacto, também o era para Israel. E visto que todos aqueles que crêem são a semente e os filhos verdadeiros de Abraão, o que era verdadeiro para Abraão, também o é para nós.
Há várias características notáveis sobre o pacto com Abraão. A primeira e mais importante é que esse pacto com Abraão, e dessa forma, também com Israel, era absolutamente um pacto de graça. A grande revelação do pacto em Gênesis 15 mostra isso.
Para entender Gênesis 15, devemos saber que naqueles dias um pacto humano era selado, não lavrando um contrato e atestando-o legalmente, mas por aqueles que estavam fazendo o pacto andar juntos entre os pedaços cortados de um animal ou animais. Jeremias 34:18 também descreve essa cerimônia solene, que era usada somente para questões importantes e era uma advertência que alguém que violasse o pacto merecia ser cortado em pedaços e ter o seu corpo lançado como comida para as aves dos céus e aos animais da terra. Deus ameaçou Israel com isso quando eles quebraram um pacto que tinham feito entre si (Jr. 34:19-20).
Visto que um pacto humano é entre iguais, ele é também um acordo—um pacto bilateral ou de dois lados—e, portanto, todos aqueles que estavam envolvidos em fazer o pacto andavam juntos entre os pedaços dos animais. O pacto de Deus é diferente, pois Deus e o homem nunca agem como iguais no pacto. O pacto entre Deus e Abraão, de acordo com Gênesis 15, foi um pacto completamente unilateral, estabelecido por Deus somente. Quando Deus pactuou com Abraão ao andar entre os pedaços dos animais, Abraão estava dormindo profundamente. Abraão não teve nada a ver com o estabelecimento daquele pacto. Em nenhum sentido o pacto dependeu dele. Ele foi verdadeiramente um pacto de graça.
Ao passar entre os pedaços dos animais, Deus declarou simbolicamente que ele somente sofreria as conseqüências de qualquer quebra do pacto, como de fato ele o fez na morte de seu Filho (Is. 53:8; Gl. 3:13). Por nossos pecados no pacto, Deus, em Cristo, sofreu a penalidade sendo rejeitado e despedaçado. Cristo expressou isso quando clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Assim, o pacto de graça revelado a Abraão foi cumprido em Cristo.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 170-171.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
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