Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Mateus 28:19 é a ordem de Cristo autorizando o batismo na igreja do Novo Testamento: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Essa passagem também estabelece o batismo como um ritual universal e não simplesmente judaico.
Há duas coisas que desejamos apontar sobre esse importante versículo. Ao invés de ser prova contra o batismo infantil, esse versículo é justamente o oposto—uma prova muito forte para ele. Os Batistas argumentam que Jesus nos ordena primeiramente a ensinar (fazer discípulos) as nações e então batizá-las. Os infantes, dizem eles, não são grandes o suficiente para serem ensinados ou discipulados e, portanto, não podem ser batizados. Contudo, isso ignora vários pontos importantes.
Primeiro, como já mostramos em conexão com Marcos 16:16,2 a palavra então não está no versículo. Jesus não diz: “Ensinais todas as nações, e então as batize.” Se tivesse, os Batistas estariam corretos ao ensinar o batismo somente dos crentes.
Segundo, o versículo fala de nações, não indivíduos. Na própria natureza do caso, portanto, essas duas atividades de discipular e batizar devem acontecer simultaneamente. Uma pessoa não pode esperar até que toda uma nação seja ensinada antes de começar a batizar, ou não haveria nenhum batismo.
A própria gramática do texto é contra a visão Batista. O texto deve ser entendido como dizendo: “Ensinais todas as nações quando batizarem-nas” ou “Ensinais todas as nações após batizá-las.” Não pode significar “Ensinai todas as nações antes de batizá-las.” A passagem, de fato, não diz nada sobre a ordem na qual o ensino e o batismo ocorrem.
Além do mais, nações incluem crianças. É impossível discipular e batizar nações sem também discipular e batizar as crianças que pertencem a essa nação.
Nem pode ser esquecido que Mateus 28:19 é um cumprimento de Isaías 52:15: “Assim, borrifará muitas nações.” Em Mateus devemos sempre olhar para as profecias do Antigo Testamento que são cumpridas, pois esse é um dos grandes temas desse Evangelho. Mateus sempre mostra Jesus como o cumprimento do Antigo Testamento (veja os capítulos 1 e 2 especialmente). A escolha mais óbvia para uma profecia cumprida nesse caso é Isaías 52:15.
Esse borrifar (aspergir) das nações no versículo em Isaías fundamenta-se sobre a obra de Cristo ao sofrer e morrer pelo pecado. Ao ter seu parecer “tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer” (v. 14), ele borrifa muitas nações. Vemos isso acontecendo no Novo Testamento em obediência ao mandamento de Cristo em Mateus 28:19.
E não somente Isaías 52:14 identifica o batizar as nações com o borrifar, mas por todo o livro o profeta fala dessas nações sendo reunidas para essa borrifação (aspersão) com suas crianças. Quando vêem a Cristo para aspersão e salvação, eles trazem seus filhos e filhas, e mesmo os recém-nascidos com eles (Is. 49:22; Is. 60:4). Essa aspersão prometida das nações, cumprida na obra salvadora do Senhor Jesus Cristo, é retratada e lembrada no batismo. Não por imitação ao Catolicismo Romano ou por mera tradição, mas em obediência à Palavra de Deus, o Reformado pratica o batismo infantil.
Fonte: Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 274-275.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em novembro/2007. 2Fé e Batismo
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