Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
“Revelação geral” é o termo freqüentemente usado para se referir ao fato de Deus se fazer conhecido na criação, consciência e história. O termo é usado em distinção de “revelação especial,” a revelação salvífica de Deus através de Jesus Cristo nas Escrituras.
A revelação geral é mencionada em várias passagens, mas com maior clareza em Romanos 1:18-32. Essa passagem fala de Deus se fazendo conhecido nas coisas da criação (vv. 20, 25) e na consciência do homem (v. 19;2 observe as palavras neles).
Essa revelação geral, contudo, não tem poder salvífico. Ela não é nem mesmo um tipo de graça, embora muitos falem dela como um exemplo da assim chamada “graça comum.” Pelo contrário, como Romanos 1 deixa bem claro, essa revelação geral é uma revelação da ira de Deus, e serve somente para deixar o ímpio sem escusa (vv. 18, 20).
Certamente, então, a revelação geral não fornece outro caminho de salvação. A idéia que os ímpios podem ser salvos por uma resposta moral a essa revelação geral é totalmente sem fundamento na Escritura, e é apenas outra forma de salvação pelas obras e de humanismo religioso.
Essa idéia que a revelação geral tem valor salvífico é faltamente refutada por Romanos 1 mesmo. O ímpio vê as “coisas invisíveis de Deus.” particularmente seu eterno poder e divindade (v. 20). Há até mesmo um aspecto interno dessa manifestação de Deus. O versículo 19 diz que as coisas que podem ser conhecidas de Deus são manifestas “neles.”
Isso tem implicações importantes. A manifestação de Deus nas coisas que foram criadas é a razão pela qual ninguém será capaz de se queixar no dia do juízo que não conhecia a Deus. Se considerarmos Romanos 1, não existe nenhum ateu. Portanto, o ímpio que nunca ouviu o evangelho pode e será condenado no dia do juízo, como resultado dessa manifestação.
Todavia, o único resultado dessa manifestação de Deus, no que diz respeito ao ímpio, é que eles recusam glorificar a Deus, continuam a ser ingratos, e transformam a glória de Deus, manifesta a eles e neles, em imagens de coisas corruptíveis (vv. 21-25).
Simplificando, isso significa que a idolatria dos ímpios não é uma busca pelo Deus que eles não conhecem ou uma tentativa, embora débil, de encontrá-lo. Antes, é um afastar-se do verdadeiro Deus, a quem eles conhecem.
Eles, de acordo com Romanos 1, não estão procurando a verdade, mas suprimindo-a (v. 25). A sua filosofia e religião não representa um pequeno princípio da verdade ou um amor pela verdade, mas a verdade recusada e abandonada. Confirmando tudo isso, a Escritura também deixa claro que a salvação é somente por meio da pregação do evangelho (Rm. 1:16; 10:14, 17; I Co. 1:18, 21). Cristo e somente Cristo é revelado como o poder e sabedoria de Deus para a salvação, de forma que sem o evangelho não há nenhuma esperança de salvação.
A revelação geral, portanto, serve somente para aumentar a culpa daqueles que não ouvem ou não crêem no evangelho. Ensinar outra coisa é negar o sangue de Jesus Cristo e sua obediência perfeita como o único caminho de salvação, zombando dele e de sua cruz.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 8-9.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em 08 de abril/2008.
2Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
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