Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Uma objeção comum à prática do batismo infantil é que não existe nenhuma passagem no Novo Testamento que fale de infantes sendo batizados. Isso simplesmente não é verdadeiro. Na verdade existem duas.
Uma é I Coríntios 10:2, que já analisamos em outra conexão: “E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar.” A passagem dos israelitas pelo Mar Vermelho é descrita como um batismo—um batismo que claramente incluiu infantes (Ex. 10:9; 12:37). De fato, seria difícil negar que havia crianças entre os israelitas naquele momento, pois mais de dois milhões de israelitas saíram do Egito (Ex. 12:37-38).
O ponto é que o cruzamento do Mar Vermelho é um batismo pela definição e uso dessa palavra no Novo Testamento. A palavra batismo no Novo Testamento é usada para descrever esse evento em I Coríntios 10:2. A objeção Batista que isso aconteceu no Antigo Testamento não pode mudar isso. O uso da palavra batismo nesse versículo mostra que a palavra no Novo Testamento nem sempre significa “imersão,” como já provamos anteriormente. Os israelitas não foram imersos no Mar Vermelho.
Além do mais, o fato que o cruzamento do Mar Vermelho aconteceu no Antigo Testamento na verdade enfatiza o ponto importante que o batismo não é algo novo, presente só no Novo Testamento. Existem muitos batismos no Antigo Testamento, como Hebreus 9:10 claramente mostra: “consistindo somente em manjares, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.” A palavra abluções é na verdade a palavra batismos. E que esses eram batismos reais é evidente a partir das referências do Novo Testamento aos mesmos como tal. Um desses batismos é descrito no versículo 19 como sendo aplicado a “todo o povo,” e sabemos a partir das Escrituras que isso incluía as crianças (Ex. 20:12).
A objeção Batista que esses eram batismos tipológicos não muda nada. Todos os batismos com água são símbolos e figuras de alguma coisa. De fato, aqueles do Antigo Testamento bem como do Novo Testamento simbolizam exatamente a mesma coisa: o lavar dos pecados pelo sangue e pelo Espírito de Jesus Cristo (I Co. 10:2; especialmente Hb. 9:13-14, 22; e I Pe. 3:21).
Esses versículos são importantes, pois mostram que os batismos do Antigo Testamento tinham exatamente o mesmo significado que aqueles do Novo Testamento. Eles significavam a purificação e remissão dos pecados pelo derramamento de sangue (Hb. 10:22-23). Ser batizado no Antigo Testamento tinha exatamente o mesmo significado que no Novo, a única diferença sendo que no Antigo Testamento ele apontava para frente; desde a morte de Jesus, ele aponta para trás.
Por conseguinte, não existe nenhuma diferença entre os dois testamentos, nem mesmo na questão do batismo. Pensar de outra forma é ir à direção do dispensacionalismo e separar o Antigo do Novo Testamento.
O batismo não era algo novo e nunca ouvido pelos israelitas quando João começou a batizar no rio Jordão. Nem a idéia do batismo infantil no Antigo Testamento não deveria nos surpreender. Existe apenas um povo de Deus, um pacto, um caminho de salvação e um sinal do pacto, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 265-266.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em abril/2007.
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