Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Ao falar do modo do batismo, não desejamos antagonizar ninguém ou promover divisão dentro da igreja de Cristo. É nosso profundo desejo ver unidade nessas questões, especialmente com aqueles que de outra forma concordam conosco.
Contudo, freqüentemente ouvimos que não há base bíblica para aspergir infantes e que tal prática é simplesmente uma influência do Catolicismo Romano. De fato, há vários livros anti-Calvinistas no mercado que simplesmente assumem que se uma igreja batiza infantes, ela deve estar errada em outras questões também.
Até onde diz respeito o modo do batismo, não somente cremos que há uma base bíblica e sólida para a prática da aspersão, mas também que esse é o único modo de batismo reconhecido pela Escritura. Olhemos para a questão mais detidamente.
Quanto à acusação que a aspersão é simplesmente uma influência do Romanismo, apontaríamos que isso não é argumento de forma alguma. Se tudo o que Roma ensina deve ser descartado no Protestantismo, até mesmo a doutrina da Trindade deve ser abandonada! Além do mais, a liturgia Romana para o batismo das crianças diz em suas instruções para as pessoas que estão realizando o batismo, “Ele imerge a criança ou derrama água sobre a sua cabeça.” Roma também pratica a imersão! Portanto, o assim chamado argumento sobre o Romanismo pode ser descartado.
Quanto ao fundamento bíblico para aspersão ou infusão,2 a evidência, parece-me, é inequívoca. Apontaremos os seguintes fatos:
Todos os batismos cerimoniais do Antigo Testamento foram realizados por aspersão ou infusão. Que esses foram batismos reais é claro a partir de Hebreus 9:10, onde a palavra grega do NT baptismos é usada, mas traduzida nas versões ACF, ARA e ARC como “abluções” (veja também vv. 13, 19, 21).
O batismo do Espírito Santo, simbolizado pelo batismo com água, é sempre descrito na Escritura em termos de aspersão ou infusão (Is. 44:3; Ez. 36:25; Joel 2:28, 29; Ml. 3:10; Atos 2:17, 18; Atos 10:44-45).
Da mesma forma, a aplicação do sangue de Cristo em nós, simbolizada pela água do batismo, é sempre descrita na Escritura como sendo aspergida (Is. 52:15; Hb. 10:22; Hb. 12:24; 1Pe. 1:2).
Os grandes batismos tipológicos do Antigo Testamento, chamados de batismos no Novo Testamento (1Co. 10:2; 1Pe. 3:20-21), não foram por imersão. De fato, os únicos que foram imersos nesses batismos tipológicos foram Faraó e o seu exército, e o mundo ímpio dos dias de Noé. Assim, também, o ímpio será imerso no lago de fogo. A imersão é uma figura, cremos, de julgamento, e não de salvação.
Fonte: Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 262-263.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em novembro/2007. 2“Infusão (de infundir, que significa derramar) consiste no derramamento de um pouco de água sobre o recém-nascido.” (N. do T.)
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