Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / [email protected]
Estabelecemos o fato que há somente uma ressurreição corporal, tanto dos salvos como dos perdidos, no fim do mundo, não várias, como o pré-milenismo e dispensacionalismo ensinam. Para nós, essa única ressurreição é o foco de todas as nossas esperanças, como a Palavra de Deus nos lembra que deveria ser (1Co. 15:12-19). Olhemos então para o ensino da Escritura concernente à ressurreição dos crentes no último dia.
Deveríamos ver que não somente é um erro sério negar a ressurreição de Cristo, mas também negar a ressurreição dos crentes. Se não há ressurreição da morte para nós, então nem Cristo ressuscitou. Há uma relação tão grande entre as duas que uma não pode acontecer sem a outra. Esse é o ensino de 1 Coríntios 15:16,17.
Sempre tem havido aqueles que negam a ressurreição de Cristo. Frequentemente tal negação acompanha uma negação da divindade de Cristo, seu nascimento virginal, seus milagres, seu sacrifício expiatório. Tem havido aqueles que negam também a ressurreição dos crentes. Havia pessoas assim na igreja primitiva (1Co. 15:12; 2Tm. 2:17,18), e ainda há ao nosso redor hoje.
Alguns, encontrados especialmente no movimento Reconstrução Cristã, tendo tomado uma visão preterista de algumas profecias, ressuscitaram os erros de Himeneu e Fileto, mencionados em 2 Timóteo 2:17,18. Essas pessoas crêem que muitas profecias bíblicas, se não todas, já foram cumpridas (preterismo refere-se à crença que o cumprimento das profecias aconteceu no passado). Eles começaram a dizer que a ressurreição também é passada.
Paulo, contudo, nos diz que negar a ressurreição futura dos corpos dos crentes é negar a ressurreição de Cristo e tornar a fé uma coisa vã, deixando-nos em nossos pecados. Portanto, ele é um erro muito sério. Por quê?
Primeiro, a negação de uma ressurreição futura é uma negação da ressurreição de Cristo, pois a ressurreição dos crentes é parte da ressurreição de Cristo. Os crentes pertencem ao corpo de Cristo, a igreja, e têm a ressurreição de Cristo neles. O resultado deve ser que eles também ressuscitaram dos mortos com Cristo. Se não foram, a única explicação possível é que a vida ressurreta de Cristo não existe – que Cristo não ressuscitou e não conquistou a morte. O poder e a vitória de Cristo sobre a morte são provados não somente por sua ressurreição, mas também pela ressurreição dos crentes.
Uma negação da ressurreição também nos deixaria em nossos pecados, pois a ressurreição de Cristo é a prova da nossa justificação perante Deus. Quando Jesus fez expiação pelo pecado, ele disse, “está consumado.” Quando Deus ressuscitou Jesus dos mortos, Deus como Juiz também disse, “está consumado,” de forma que a ressurreição foi uma declaração da nossa justificação perante Deus. Isso é o que Romanos 4:25 quer dizer quando diz que Jesus nosso Senhor “ressuscitou para nossa justificação.”
Visto que nossa esperança é do céu, e visto que “carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1Co. 15:50), esperamos e anelamos a ressurreição. Contudo, essa esperança é vã se os mortos não ressuscitam e se nossos corpos não serão transformados na ressurreição. Portanto, devemos crer não somente na ressurreição de Cristo ao terceiro dia, mas também em nossa própria ressurreição com Cristo, quando o nosso corpo de humilhação será transformado para ser igual ao seu corpo glorioso (Fp. 3:21).
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 311-312.
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