Herman Hoeksema
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
No sentido mais profundo, a necessidade da santificação segue do próprio Deus, que chama seu povo à sua comunhão. “Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”, é o constante refrão da Sagrada Escritura (Lv. 11:44-45; Lv. 19:2; 20:7, 26; I Pe. 1:15-16). Deus é o Santo. Santidade nele é aquela virtude divina pela qual ele é completamente consagrado a si mesmo, busca e encontra a si mesmo como o bem maior, e revela-se como tal em todas as obras de suas mãos. Portanto, Deus é separado do pecado, pois ele é luz, e não há trevas nele (I João 1:5). Ele é um fogo consumidor (Hb. 12:29) e cheio de ira terrível contra o pecado. No sentido positivo, a santidade de Deus é sua auto-consagração eternamente perfeita. Por conseguinte, seu povo deve ser santo também. Porque Deus, o Santo, os chamou, o chamado deles nunca pode ser outro senão o chamado das trevas para a luz (I Pe. 2:9). Eles são chamados para a santidade.
Além disso, eles são chamados não somente através do Santo, mas para ele também. Eles são chamados para serem do seu partido, para permanecerem em sua comunhão pactual, para serem manifestações de suas virtudes gloriosas no meio do mundo, para provarem sua amizade, e habitarem eternamente em seu lar. Isso é impossível sem santificação. Sem santificação ninguém pode ver ao Senhor (Hb. 12:14). Somente aquele que é puro de coração é bem-aventurado, pois verá a Deus (Mt. 5:8).
Esta é a mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado (I João 1:5-7).
Assim como a santidade em Deus é aquela virtude pela qual seu ser inteiro e sua vida divina são consagrados somente a ele mesmo e pela qual ele busca a si mesmo, a santificação é aquele ato de Deus em nós pelo qual somos libertos do poder e corrupção do pecado, de forma que com coração e alma, com mente e vontade e todos os nossos poderes, somos consagrados ao Deus vivo, buscamo-lo, e guardamos os seus mandamentos. Por esse ato positivo da graça de Deus, somos separados do pecado e do mundo, e permanecemos em relacionamento antitético contra o poder das trevas.
Fonte: Reformed Dogmatics, Herman Hoeksema, Reformed Free Publishing Association, vol. 2, pp. 122-124.
1[email protected]. Traduzido em maio/2007.
Para material Reformado adicional em Português, por favor, clique aqui.