Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
A Escritura ordena um auto-exame diligente em relação com a ceia do Senhor (1Co. 11:28-29): “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si,” Visto que esse é o nosso dever não somente quando a ceia do Senhor é administrada, mas sempre (Lm. 3:40; 2Co. 13:5), devemos saber o que é um auto-exame.
Observemos, primeiro, que estamos falando sobre auto-exame. Não é a vida dos outros que somos chamados a examinar, mas a nossa. O exame dos outros leva à justiça própria. O exame de si mesmo leva ao verdadeiro arrependimento e fé em Deus. O exame dos outros é geralmente a nossa forma de evitar o auto-exame.
Segundo, auto-exame é exame de si mesmo, mas não por si mesmo. Se julgarmos a nós mesmos, não seremos julgados (1Co. 11:31). Deus mesmo e sua Palavra devem ser os examinadores (1Cr. 28:9; Sl. 26:2; Sl. 44:21). Nossa oração deve ser aquela do Salmo 139:23, 24: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” Auto-exame é submissão ao exame que Deus faz de nós.
Terceiro, o propósito do auto-exame não é ver se somos salvos ou temos fé. Isso seria uma impossibilidade. Aqueles que não têm fé não podem realizar um auto-exame verdadeiro, e aqueles que têm não devem duvidar ou encorajar dúvida em si mesmos, questionando sua salvação. Dúvida é pecado. Antes, o propósito do auto-exame é determinar se estamos na fé (2Co. 13:5), isto é, vivendo em toda piedade e honestidade, e andando por fé diante de Deus.
Com isso em mente, o auto-exame envolve o escrutínio de três coisas: nossa própria pecaminosidade, a obra da graça de Deus em e por nós, e nosso chamado a viver em obediência e santa gratidão a ele. Olhamos para a nossa pecaminosidade para aprender novamente a profundidade da nossa depravação e para nos assegurarmos que nosso coração não tem nos enganado—que não estamos ocultando nossos pecados (Pv. 28:13)—e para que possamos odiar mais e esquecer os nossos pecados, e correr para a cruz. Examinamos a obra da graça de Deus em nós para que possamos estar mais convencidos que é pela graça somente que vivemos, nos movemos e temos nossa existência espiritual, para que possamos ser mais gratos por tudo que Deus tem feito por nós, e para que possamos depender mais da graça somente. Examinamos nosso chamado para que possamos estar persuadidos dele, esforçarmo-nos mais seriamente para cumpri-lo, e assim continuar no caminho de Deus. Somos, então, chamados a examinar toda a nossa vida cristã, conduta e experiência à luz da Palavra de Deus.
Onde nossa vida e experiência não satisfazem o padrão nos apresentado na Palavra de Deus, somos requeridos a nos arrepender, correr para Cristo e orar por graça. Então, o auto-exame se torna uma auto-reforma e é abundantemente frutífero para a glória de Deus e para o nosso crescimento na graça e no conhecimento.
Fonte: Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 279-280.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em dezembro/2007.
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