Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Muitos dos nossos leitores estão inteirados com os Cinco Pontos do Calvinismo, algumas vezes chamados de “As Doutrinas da Graça.” Essas cinco verdades, tomadas juntas, ensinam a soberania de Deus na salvação, em outras palavras, que a salvação é toda de Deus e não depende da nossa vontade ou obras.
O primeiro desses Cinco Pontos é a depravação total. Ele mostra o porquê a salvação deve ser toda de Deus e totalmente pela sua graça.
A palavra depravação refere-se à nossa pecaminosidade e impiedade. Usamos a palavra para enfatizar o fato que somos muito ímpios aos olhos de Deus, e estamos em grande necessidade de sua salvação.
Quando descrevemos a depravação como “total,” queremos dizer três coisas:
Primeiro, todos os homens, exceto Jesus, são depravados e ímpios (Sl. 14:2-3).
Segundo, todos os homens são depravados em cada parte. Não somente seus atos são ímpios aos olhos de Deus, mas também seus pensamentos (Gn. 6:5), suas vontades (escolhas e desejos) (Ef. 2:3; 4:22), suas emoções, e mesmo seus corações (Jr. 17:9). Que a vontade é depravada é especialmente importante saber por que isso significa que sem a graça, ninguém pode escolher ser salvo. A salvação depende da vontade de Deus, não do homem.
Terceiro, todos os homens são depravados em cada parte completamente. A vontade, o coração, e o restante não estão apenas parcialmente depravados. Cada parte do homem é totalmente depravada, e não há nenhum bem em parte alguma. Isso é frequentemente negado, e a sugestão é feita que embora haja uma grande quantidade de mal no homem, existe sempre um pequeno bem nele também: “algum mal no melhor de nós e algum bem no pior de nós.” Essa sugestão é feita especialmente com respeito à salvação do homem. O homem, é dito, não pode se salvar, mas é bom o suficiente para escolher ser salvo.
Não negaríamos que muito do que os homens fazem é julgado como bom pelos outros. Todavia, Deus julga tudo isso como mal. Aos seus olhos, ninguém pode fazer algo bom, e nem mesmo desejar fazê-lo. Deus julga por um padrão maior que o nosso, e ele requer que tudo seja feito em fé e para a sua glória. Caso contrário, não é algo bom (Rm. 14:23; I Co. 10:31).
O julgamento de Deus sobre a raça humana está registrado em Salmo 14, que é o único salmo repetido na Escritura (veja Sl. 53). O Salmo 14 mostra claramente o julgamento de Deus sobre nós: “Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus” (v. 2). E qual é o seu julgamento? “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (v 3).
Efésios 2:1 resume a doutrina da depravação total ao dizer que estamos mortos em delitos e pecados. Nossa condição não poderia ser pior. Estando mortos em pecados, não temos o mínimo movimento de qualquer vida espiritual. Somos totalmente depravados.
Quando pela graça começamos a entender isso, também começamos a ver nossa grande necessidade da cruz de Jesus Cristo, pois nada mais poderia salvar pecadores totalmente depravados.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 113-114.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em maio/2007.
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