Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / [email protected]
O ensino bíblico concernente ao Anticristo sempre tem sido de interesse, pois ele é retratado na Escritura como um dos grandes inimigos do povo de Deus. Há muita discórdia, contudo, quanto a quem ele é e quando chegará.
O Anticristo é descrito em II Tessalonicenses 2:4 como um que “se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração” (NVI). Ele é anti-Cristo, porque ele é “contra” Cristo, e coloca a si mesmo no lugar de Cristo (“se exalta acima de tudo o que se chama Deus”).
O nome Anticristo é usado somente em 1 e II João (1 João 2:18,22; 1 João 4:3; II João 7), mas não é usado em 2 Tessalonicenses 2. Todavia, o correspondente entre o nome usado por João e a descrição dada em II Tessalonicenses nos leva à conclusão que ambas as passagens estão falando da mesma pessoa.
Observe, também, que enquanto João fala de muitos anticristos, Tessalonicenses nos leva a crer que ele é especialmente um homem. Isso é mais bem entendido através da figura que é descrita em Apocalipse 13; ali, também, o nome Anticristo não é usado, mas uma comparação da passagem com II Tessalonicenses 2:4-10 mostrará que o sujeito é o mesmo em ambas as passagens.
Apocalipse 13, que descreve uma “besta”, nos mostra que essa besta é revelada através da história. As diferentes cabeças da besta representam diferentes reinos (Daniel 7:1-8, 15-28). Contudo, todos esses reinos representam um poder, final e plenamente revelados num homem, que é chamado em II Tessalonicenses de “o homem do pecado” e “o Iníquo” (vv. 3,8).1
Esses outros nomes são reveladores. Eles nos mostram que é neste homem e em seu reino que os pecados da raça humana e toda a rebelião contra Deus chegam à sua plena manifestação. Ele é aquele em quem a mentira de Satanás – “sereis como Deus” (Gn. 3:5, RC)—chega mais perto de ser realizada. O fato de ele ser descrito em Apocalipse 13 como a besta o associa também com Satanás e revela seu verdadeiro caráter como o inimigo da igreja.
O argumento sobre quando o Anticristo vem, quem ele é, e se o Papa é ou não o Anticristo, é de certa forma neutralizado pelo que é dito em 1 João 2:18: “Já agora muitos anticristos têm surgido” (NVI). A realização final do reino e poder anticristão podem ser futuros, como cremos, mas nunca podemos esquecer que os anticristos sempre estão presentes.
Embora possa não haver nenhuma dúvida que o Papa e o papado do tempo presente encaixam-se claramente na descrição dada do “homem do pecado” na Escritura, não podemos esquecer que há muitos outros anticristos. Os líderes das seitas e do movimento carismático também se encaixam na descrição dada. De fato, todos os falsos profetas são anticristos dos quais devemos nos acautelar (Mt. 24:24).
Contudo, o fato muito confortante para o povo de Deus é que o Anticristo é somente um homem. Com toda sua inimizade, ódio e perseguição contra a igreja durante todas as décadas, ele não é nada em comparação a quem ele imita e se opõe: o Filho de Deus! Portanto, não pode haver dúvida de quem será sobrepujado no final e qual reino permanecerá para sempre (Ap. 19:11-16).
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 319-320.
1Nota do tradutor: Na RA lemos “o homem da iniqüidade” e “o iníquo”; na RC “o homem do pecado” e “o iníquo”; na NVI “o homem do pecado” e “o perverso.”
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