Rev. Angus Stewart
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Desde o Concílio de Constantinopla (381 d.C.), a igreja cristã tem confessado por meio de credos quatro atributos da igreja verdadeira, que ela é “una, santa, católica e apostólica.” Efésios 2:20 ensina a apostolicidade da igreja, pois ela está “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas.”
Assim, a apostolicidade da igreja é bíblica e confessional, mas o que significa? No dia de Pentecoste, o princípio da era do Novo Testamento, a igreja foi reunida por meio da pregação dos apóstolos, e ela “perseverava na doutrina dos apóstolos” (Atos 2:42). Hoje, a doutrina dos apóstolos está contida no Novo Testamento, que é a complementação e conclusão do Antigo Testamento. Portanto, essa igreja é apostólica por ser totalmente caracterizada pela verdade ensinada pelos apóstolos na Sagrada Escritura, e os ministros cristãos são sucessores dos apóstolos se pregam a doutrina apostólica.
Efésios 2:20 ensina que a apostolicidade é o fundamento da igreja, pois está “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas.” A santidade da igreja é a sua beleza (Ef. 5:26-27); não seu fundamento. A catolicidade da igreja é a sua extensão universal incluindo todas as nações, tribos, línguas, etc. (Ap. 7:9); não seu fundamento. A unidade da igreja é a sua união espiritual e numérica; não seu fundamento. Como o “fundamento” da igreja, a apostolicidade é a base para a santidade, catolicidade e unidade da igreja. A verdadeira igreja possui santidade, catolicidade e unidade apostólica. Assim, relações ecumênicas entre congregações e denominações devem começar com discussões doutrinárias: concordamos sobre a fé apostólica?
Além do mais, há somente um fundamento da igreja; não dois ou mais. A base da igreja não é apostolicidade e unidade, santidade ou catolicidade. Nem é a igreja baseada sobre a apostolicidade e o livre-arbítrio do homem, a ciência moderna ou a tradição da igreja. O único fundamento da igreja é a verdade apostólica das Sagradas Escrituras que revelam Jesus Cristo crucificado, ressurreto e reinando, pois ele pessoalmente é o fundamento da igreja (I Co. 3:11).
Fundamentos, sem dúvida, são lançados uma única vez, e o fundamento da igreja nunca pode ser re-lançado. A fé apostólica “foi uma vez por todas entregue aos santos” (Judas 3). Como sábio arquiteto, o fundamento de Deus é forte o suficiente para agüentar toda a igreja de todas as eras. Assim, apartar-se da doutrina apostólica—a verdade sobre o Deus Triúno, a Escritura, criação, graça soberana, etc.—é retirar o fundamento da igreja e resulta numa queda da congregação ou denominação. As pessoas podem ainda comparecer, mas espiritualmente a congregação estará se degenerando e no caminho de se tornar uma falsa igreja. Igrejas com apóstolos e profetas hoje não somente falham em entender a natureza desses ofícios temporários e extraordinários, mas também adicionam e através disso minam o fundamento da igreja: “os apóstolos e profetas” (Ef. 2:20; cf. 3:5) bíblicos do Novo Testamento. A alegação que existem apóstolos e profetas hoje necessariamente envolve o recebimento, por parte destes, de revelação direta e verbal de Deus (além dos 66 livros da Sagrada Escritura, inspirados por Deus). Isso nega a todo-suficiente Palavra de Deus (Sl. 19:7-11; II Tm. 3:16-17) e o todo-suficiente fundamento da igreja (Ef. 2:20).
O fundamento também determina a largura e a profundidade, e assim, a forma de um edifício. Falsas doutrinas numa igreja não somente despedaçam o fundamento; elas também lançam um fundamento adicional. Tudo o que alega ser igreja, mas não é construído sobre o fundamento apostólico, está sob o julgamento de Deus.
A melhor forma de demolir um edifício não é quebrar suas janelas, chaminé, ou mesmo suas paredes, mas destruir o fundamento que sustenta o edifício todo. Da mesma forma, a maneira mais eficaz de destruir uma igreja é minar o seu fundamento: a doutrina apostólica. Assim, aberta ou sutilmente, os falsos mestres atacam a depravação total, a justificação pela fé somente, a eleição e reprovação incondicional, etc.; e minam os credos Reformados que resumem a verdade apostólica.
Tudo isso nos capacita a testar as igrejas institucionais à luz da Palavra de Deus. A pergunta chave é: Essa congregação ou denominação é apostólica em todas as coisas? Essa ou aquela igreja é totalmente caracterizada pelo ensino apostólico, de forma que é “a coluna e firmeza da verdade” (I Tm. 3:5), sustentando a verdade de Jesus Cristo num mundo que odeia a verdade? As três marcas da igreja estão presentes: pregação, sacramentos e disciplina eclesiástica apostólica? A congregação é apostólica em sua adoração, orações, política, ofícios (ministro, presbítero e diácono), instrução de crianças do pacto, evangelismo, etc.?
Membresia numa igreja apostólica honra a Jesus Cristo, que está presente onde a verdade apostólica é pregada, crida, amada, confessada e defendida. Tais igrejas são lugares onde seus membros “crescem na graça” através do “conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 3:18), aquele apresentado em todas as suas riquezas no ensino apostólico.
Fonte: The Apostolicity of the Church
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em outubro/2007.
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