Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / [email protected]
Nossa pergunta para essa edição da revista é: “Alguém que seja teologicamente Arminiano pode ser verdadeiramente salvo?” Essa não é uma questão fácil.
Queremos enfatizar desde o princípio que o Arminianismo é outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho (Gl. 1:6-7). Seu ensino nega a soberania de Deus na salvação e o poder e eficácia da morte de Cristo sobre a cruz (ao ensinar que Cristo morreu por todos, ele ensina que sua morte na verdade não salva ninguém). Ele também nega que a salvação seja pela graça somente com seu ensino com respeito à soberania da vontade humana. Contudo, essas são doutrinas fundamentais da fé cristã.
Não somente isso, mas cremos que o Arminianismo tem se infiltrado em muitas igrejas Reformadas sob o pretexto de um amor de Deus por todos os homens, um desejo da parte de Deus que todos os homens sem exceção sejam salvos, e o ensino de que há dons da graça e benefícios da cruz para todos. Isso apresenta um perigo mortal para as igrejas Reformadas.
Portanto, concordamos com a seguinte citação: “A falsa doutrina é pior quando aparece sob o envólucro da verdade, quando cita a Escritura, e canta Amazing Grace [Graça Maravilhosa]. Satanás sempre é mais eficaz ao se opor à verdade quando o faz em nome de Cristo. Nunca houve uma manifestação mais sutil da falsa doutrina do que aquela que afirma todas as ‘verdades’ da fé cristã sobre a base do esforço humano, do mérito das obras, da fé prevista ou do ‘livre-arbítrio’. Afirmar a graça sobre a condição das obras é a perversão extrema. É A Mentira” (John K. Pederson, Sincerity Meets the Truth, pp. v, vi).
Mas isso significa que aqueles que defendem o livre-arbítrio e outros ensinos do Arminianismo não podem e não são salvos? Não cremos nisso. Mesmo aqui, contudo, desejamos ser muito cuidadosos em nossa resposta. Insistiríamos que uma pessoa que verdadeira e consistentemente crê que ela é salva por sua própria boa vontade e esforço, contrariamente a Romanos 9:16, não pode ser salva; ela negou o próprio cerne do evangelho.
O ensino que o homem é salvo por seu próprio esforço é de Roma; o ensino de que ele é salvo por sua boa vontade e disposição é do Protestantismo apóstata; porém, na verdade eles não são diferentes. Esse ensino, de acordo com Romanos 10:1-4, é uma ignorância e recusa em se submeter à justiça de Deus, deixando a pessoa em necessidade de salvação. Através de sua ênfase sobre a vontade e as obras, um Arminiano consistente se separa de Cristo (Gl. 5:4).
Todavia, muitas pessoas confessam inconsistentemente tanto a graça como as obras. Elas atribuem sua salvação totalmente à graça de Deus, e ainda falam de ter escolhido a Cristo, de ter livre-arbítrio, e de Deus ser dependente na salvação da escolha feita por eles, mediante o livre-arbítrio. Eles agradecem a DEUS pela sua salvação e ainda falam como se fossem aqueles que fizeram as escolhas decisivas.
Frequentemente isso é culpa do ensino que receberam – ensino que fala de duas formas. Ele é um ensino que afirma a graça sobre a base das obras e do livre-arbítrio. Aqueles que ensinam tais coisas têm uma culpa maior. Todavia, aqueles que pensam dessa forma, embora possam ser salvos, também precisam perceber que eles não crêem na verdade, e precisam se arrepender disso.
Assim também, como o autor citado acima diz: “Precisamos ficar grandemente envergonhados de nós mesmos por nossa amizade tolerante com a doutrina da soberania humana que reside no âmago podre do evangelicalismo, e, por causa disso, da nossa indiferença sossegada, que é um testemunho da nossa covardia.” A graça salva, não o livre-arbítrio e as obras.
Fonte (original): Covenant Reformed News, Vol. 6, nº. 2.
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