Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Uma passagem freqüentemente usada por aqueles que praticam o batismo infantil como prova do que crêem é Marcos 10:13-16, que descreve Jesus abençoando os pequeninos. Aqueles que sustentam o assim chamado “batismo dos crentes” consideram o uso dessa passagem embaraçosa, visto que não fala de batismo de forma alguma.
Todavia, Marcos 10 é um texto prova que pode ser usado para apoiar o batismo infantil. Isso é verdade por várias razões, mas devemos observar desde o início que essas crianças eram de fato infantes (Lucas 18:15, KJV).2
Primeiro, os infantes nessa passagem foram recebidos por Jesus, que também as tomou em seus braços e as abençoou. Ser recebido nos braços de Jesus e abençoado é nada menos que a própria salvação. Que esses infantes foram salvos por Jesus é evidente a partir dos versículos 14 e 15, onde ele fala deles recebendo o reino.
Dessa salvação e recepção do reino, o batismo é uma figura ou sinal, que nos mostra como entramos no reino. O argumento, então, é esse: Se esses infantes podem receber a realidade para a qual o batismo aponta, por que não podem receber o sinal? Colocando de forma diferente: Se eles podem receber a coisa maior, por que não a menor? Cremos que, visto que podem e recebem a realidade, eles devem também receber o sinal. A salvação é prometida a eles, bem como aos adultos no pacto da graça.
Segundo, Jesus nos diz no versículo 15 que ninguém recebe o reino, exceto na forma que um infante o recebe, isto é, passivamente, sem conhecimento e pelo poder da graça somente. Receber o reino como um pequenino, portanto, é recebê-lo sem obras—sem qualquer esforço da nossa parte. Essa é a única forma que um infante pode receber o reino.
Na verdade, essa é a única forma que qualquer um pode receber o reino. Inicialmente, quando a salvação chega, não estamos procurando nem a desejando. Estamos, afinal, mortos em delitos e pecados, e é somente quando Deus graciosamente nos dá a salvação e o reino, ao nos regenerar, que também começamos a buscar e conhecer o que ele fez. Portanto, Jesus nos diz que há somente uma forma de receber o reino—como uma criança pequena. Se não o recebemos dessa forma, não recebemos de forma alguma.
Nisto reside outra razão para batizar os infantes. Não dizemos que cada infante batizado está necessariamente salvo, mas vemos no batismo de cada infante uma figura de como a salvação é possível para um infante segundo a promessa do pacto de Deus, a saber, pelo poder da graça soberana.
De fato, em cada infante batizado temos uma figura de como qualquer e cada um de nós foi salvo—não por nossa disposição ou esforço, mas pelo poder onipotente da graça soberana, que nos chegou quando não estávamos pedindo ou procurando. Deus nos dá nova vida e nascimento.
O propósito, então, do batismo infantil é mostrar como somos salvos: não provar a salvação do infante que é batizado (o batismo com água nunca pode fazer isso). O batismo mostra o único caminho da salvação e nos lembra que Deus promete salvar os filhos dos crentes pela mesma graça soberana que salvou seus pais. Quão triste o fato de muitos não terem ou verem esse testemunho no batismo de infantes indefesos.
Fonte: Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 267-269.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em novembro/2007. 2Lemos na ARA e ARC simplesmente crianças, mas o termo grego é brephos, que segundo o Léxico Grego de Strong significa: 1) criança não nascida, embrião, feto; 2) criança recém-nascida, infante, bebê. (N. do T.)
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