Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Gênesis 15 mostra claramente que o pacto de Deus com Abraão—e através de Abraão também com o verdadeiro Israel e conosco—é um pacto de graça. O mesmo capítulo, contudo, nos lembra de outra característica notável do pacto abraâmico: ele envolveu uma promessa da terra.
A terra prometida, contudo, é muito freqüentemente mal-entendida e leva muitos a esperar alguma restauração futura da nação de Israel na região terrena de Canaã. Cremos que isso é uma esperança vã.
O pacto com Abraão mostra simplesmente como é vã essa esperança. Se o pacto com Abraão como uma terra prometida envolvia a promessa de uma nação terrena, então essa promessa nunca foi cumprida para com o próprio Abraão.
A Palavra nos diz em Atos 7:5 que Deus não deu a Abraão nenhuma herança na terra, nem mesmo colocar o seu pé nela. Todavia, como o versículo 5 diz, Deus prometeu não somente à semente de Abraão, mas também a ele. Não pode existir, em nossa avaliação, prova mais clara que a terra prometida e todas essas promessas no Antigo Testamento tenham um cumprimento espiritual. A promessa da terra foi sempre essencialmente a promessa de uma herança celestial, e não a promessa de qualquer nação ou herança terrena.
Hebreus 11:8-16 confirma isso. Quando Abraão, pela fé, deixou Ur para ir até a terra que Deus tinha lhe prometido, ele “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (v. 10). Isaque e Jacó, também, sempre “confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (v. 13) e declararam que estavam buscando “uma pátria superior, isto é, celestial” (v. 16). Na verdade, se eles estivessem buscando uma herança terrena, poderiam ter voltado quando a primeira oportunidade apareceu (v. 15), mas essa não era a esperança deles. Nem é a nossa!
Porque a terra prometida para Abraão era realmente uma promessa de coisas espirituais e celestiais, todos os filhos verdadeiros de Abraão (Rm. 3:28-29; Rm. 4:16-17; Gl. 3:29), aqueles que crêem no Deus de Abraão, tanto judeus como gentios, desfrutariam do cumprimento dessa promessa e de todas as outras promessas do pacto que Deus fez a Abraão e à sua semente. Ninguém falharia em obter o que foi prometido—nem o próprio Abraão, nem aqueles judeus crentes que foram espalhados após o cativeiro e nunca retornaram a Canaã, e nem os crentes gentios que também eram os filhos verdadeiros de Abraão pela fé.
Assim, todos os filhos de Abraão herdam com Abraão algo muito melhor que colinas, rios e cidades de uma nação terrena. Eles entram naquela bendita herança da qual Hebreus 12:22-24 fala, e não existe nenhuma melhor.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 172-173.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
Para material Reformado adicional em Português, por favor, clique aqui