Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
O fato que Deus tinha um pacto com Israel é claro a partir da Escritura. Como esse pacto deve ser entendido é um assunto de muita disputa.
A grande questão é se o pacto com Israel era um pacto diferente daquele que Deus estabelece com o seu povo no Novo Testamento, e como o Antigo Testamento (antigo pacto) e o Novo Testamento (novo pacto) se relacionam. Eles são antigo e novo no sentido que são tipos diferentes de pactos feitos com dois grupos diferentes de pessoas, ou são revelações mais antiga ou nova de um único pacto?
O Dispensacionalismo responde tais questões ensinando que o antigo e o novo pacto são completamente distintos entre si, que eles dizem respeito a grupos diferentes de pessoas, possuem promessas diferentes, e cumprimentos distintos. Em suas formas mais extremas, ele até mesmo ensina formas diferentes de salvação para Israel no antigo pacto e para a igreja sob o novo pacto, sendo a Bíblia de Estudo Scofield um exemplo desse ensino.2
Existem aqueles que rejeitam o dispensacionalismo, mas que ainda hesitam em identificar completamente os dois pactos. Alguns acham uma diferença entre as promessas do antigo e novo pacto e seus cumprimentos (pré-milenismo e pós-milenismo). Eles dizem que pelo menos algumas das promessas do pacto têm um cumprimento terreno em distinção das promessas do novo pacto, que são espirituais e celestiais.
Os Batistas fazem certa distinção entre Israel e a igreja, especialmente com respeito ao pacto e seu sinal. Eles diriam, por exemplo, que Israel não é a igreja, ma somente um tipo da igreja, e recusariam identificar a circuncisão e o batismo como sinais do antigo e novo pacto, respectivamente.
Outros fazem uma distinção entre lei e graça. Eles ensinam de uma forma ou outra que a lei não tem nenhum lugar na vida de um crente do novo pacto. Esse erro é chamado antinomianismo.
Em contraste com tudo isso, a fé Reformada insiste que existe somente um pacto, um povo do pacto, Israel sendo a igreja do Antigo Testamento (Atos 7:38); um sinal do pacto, circuncisão e batismo sendo essencialmente a mesma coisa (Cl. 2:11-12); um Salvador e uma forma de salvação (Atos 4:12); uma promessa de vida eterna em Cristo (Atos 2:38- 39); e um cumprimento espiritual de tudo que pertence à promessa (Hb. 11:9-10, 13-16). Ela insiste, também, que existe unidade entre lei e graça sob ambos os pactos (Rm. 7:12).
A fé Reformada insiste numa unidade completa dos dois testamentos (pactos) como um reflexo, finalmente, da própria unidade de Deus. Assim como não existe divisão em Deus, não existe nenhuma divisão essencial entre o antigo e o novo pacto.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 173-174.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
2C. I. Scofield (1843-1921), editor original, e Doris W. Rikkers, editor posterior, Scofield Study Bible, King James Version (New York: Oxford University Press, 2003). A obra de Scofield foi publicada pela primeira vez em 1909.
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