Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Cremos que os diferentes pactos do Antigo Testamento são, na verdade, apenas diferentes revelações de um único pacto de graça. Se o pacto é eterno, pode existir somente um pacto (Gn. 17:7).
Em cada uma dessas revelações, Deus mostrou algo novo e maravilhoso sobre o pacto de graça. Assim, na primeira revelação do pacto a Adão, Deus mostrou que seu pacto era um pacto de amizade.
Após Adão, a próxima grande revelação do pacto foi a Noé. Nessa revelação do seu pacto, Deus mostrou o caráter universal do mesmo, que o pacto abrangeria a totalidade do mundo que ele tinha criado. O pacto, você vê, não é somente feito com o homem, mas também com “todos os seres viventes de toda carne” (Gn. 9:15). Ele é um pacto com o dia e a noite (Jr. 33:25). A universalidade do pacto de Deus, portanto, não é uma universalidade que abrange todas as coisas ou todos os homens sem exceção, mas uma que abrange todas as coisas sem distinção, de forma que no final, todos os tipos de coisas criadas serão renovados e representados nos novos céus e na nova terra.
Esse pacto é simbolizado também pelo arco-íris, que estende o seu arco sobre toda a criação de Deus. Ele é um pacto que finalmente será consumado nos novos céus e na nova terra. É um pacto no qual até mesmo a criação “será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm. 8:21).
Essa revelação do pacto foi dada nos dias de Noé, pois foi então que Deus destruiu a terra. Ele deixou claro, contudo, tanto em seus julgamentos como no pacto com Noé, que a destruição da terra então ou no futuro não seria o fim da terra, mas somente sua limpeza e o princípio de sua renovação. Ela será a mesma no final, quando Deus destruir esse mundo presente com fogo.
Essa, cremos, é uma das razões pelas quais a Bíblia, ao falar do propósito de Deus, fala do mundo (o cosmos) (João 1:29; João 3:16-17). A totalidade do mundo será finalmente redimida e salva, embora nem toda criatura ou pessoa em particular.
Isso deve ser assim. Deus não permitirá que seu propósito dê em nada. Ele não permitirá que o homem, por seu pecado, roube dele o mundo que ele criou para sua glória. Ele salva o seu mundo!
Tudo isso é muito importante ao entender uma passagem como Isaías 11. Lendo tal passagem, muitos concluem que haverá um reino terreno futuro antes do reino de Cristo, no qual alguns efeitos do pecado serão sobrepujados, mas a Escritura não promete tal coisa. Ela fala dos novos céus e da nova terra no qual a justiça habitará—um reino no qual o lobo habitará com o cordeiro, um reino no qual “a própria criação será redimida … para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm. 8:21; Is. 11:6). Que dia glorioso será esse!
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 169-170.
1 E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
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