Rev. Angus Stewart
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Nos púlpitos de muitas igrejas declarações como essa são freqüentemente ouvidas: “Deus fará todo o possível para nos encorajar a fazer a escolha correta.” Se isso é verdade, por que Deus decretou que muitos nunca ouvirão o evangelho? Por que ele “ordenou” eternamente que falsos mestres em muitas igrejas pregassem o falso evangelho (Judas 4)? Como isso irá encorajar as pessoas a crer? Por que Deus endureceu o coração de Faraó (Ex. 4:21), se desejava que ele se arrependesse? O que Paulo quis dizer quando escreveu, “[Deus] endurece a quem quer” (Rm. 9:18)? Por que Davi orou, “obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam” (Sl. 69:23)? Se Deus está fazendo tudo que pode para trazer todos à conversão, por que a Escritura declara, “Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir” (Rm. 11:8)? Se Deus está fazendo “todo o possível” para trazer todos à salvação, por que ele não elege todos e os chama irresistivelmente à fé? O deus que faz tudo o que pode e, todavia, fracassa, não é o Deus Todo-poderoso da Bíblia que “segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn. 4:35).
Deus opera a fé em seus eleitos somente mediante o seu Espírito Santo, como a Confissão de Westminster 14:1 declara: “A graça da fé, pela qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles.”
A vontade do homem natural é escrava de Satanás, que o faz cativo para cumprir a sua vontade (II Tm. 2:26). Assim, “não há quem busque a Deus” (Rm. 3:11). Aos eleitos somente (Atos 13:48), “foi concedido, em relação a Cristo … crer nele” (Fp. 1:29, RC). Até mesmo a atividade da fé (“crer”) é um dom de Deus (“foi concedido”).
Os Cânones de Dordt, o credo Reformado composto por teólogos de vários países, apresenta o ensino bíblico sobre a fé como um dom (3/4:12). A fé é “o dom de Deus … isto não significa que Deus a oferece à livre vontade do homem,” nem “no sentido de que Deus apenas concede poder para crer e depois espera da livre vontade do homem o consentimento para crer ou o ato de crer.” Antes, fé é o dom de Deus porque “ela é, de fato, conferida ao homem e nele infundida,” e porque “Deus efetua no homem tanto a vontade de crer quanto o ato de crer. Ele opera tanto o querer como o realizar.”
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
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