Rev. Angus Stewart
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
“O que pensais vós do Cristo?” (Mt. 22:42) é uma pergunta bíblica penetrante e freqüentemente citada. Poderíamos fazer uma segunda inquirição, similar: o que pensais vós da Bíblia? Pense por um momento para responder essa pergunta honestamente em seu coração diante de Deus.
Você considera árida e insípida as Escrituras? Ou confessas com o salmista que elas são “mais doces do que o mel e o licor dos favos” (Sl. 19:10)? É freqüentemente o caso com você que a leitura da Bíblia é um fardo? Ou podes dizer com Davi que a Palavra de Deus é “mais desejável … do que o ouro, sim, do que muito ouro fino” (Sl. 19:10)? Ou com Jeremias: “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração” (Jr. 15:16)?
E o que você pensa do poder da Bíblia ou da carência dele? A Bíblia é um livro tolo, tão inofensivo quanto uma travessura ou brinquedo de criança? Ou é apenas moderadamente poderosa? Nunca! Como se a Palavra do Deus Triúno onipotente pudesse ser algo que não todo-poderosa! O salmista conhecia muito bem suas obras poderosas: “refrigera a alma … dá sabedoria aos símplices … alegram o coração … [e] ilumina os olhos” (Sl. 19:7-8). E que similitudes e figuras Deus usa para transmitir o poder espantoso de sua Palavra? Que imagens vêem à sua mente? O profeta Jeremias teria respondido imediatamente: “Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiúça a pedra?” (Jr. 23:29).
Esse fogo não é o tipo de fogo que queima numa lareira ou fogão. É uma conflagração poderosa como o fogo feroz numa floresta, ou o fogo do refinador numa fornalha gigantesca. Quem morre em seus pecados experimentará a palavra poderosa de destruição de Deus nas “labaredas eternas” (Is. 33:14). Por outro lado, o fogo da Palavra trabalha construtiva, e não destrutivamente no crente. Jesus disse: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” Somos santificados por meio do estudo fiel da Bíblia. “O fogo da lei” de Deus (Dt. 33:2) expõe os nossos pecados, e o evangelho também chega até nós como fogo (cf. Lucas 12:49). Assim, experimentamos o fogo de Deus nos limpando à medida que lemos a Escritura.
A Bíblia não é somente um fogo; é também o martelo de Deus. Não é o tipo de martelo que crava pregos ou afunda estacas. Ela é como um martelo da forja do ferreiro, ou um martelo que despedaça pedras. A Palavra de Deus é uma marreta grande e pesada. Esse martelo pulveriza o ímpio para sempre no inferno, enquanto os crentes experimentam o martelo de Deus quando ele esmaga a nossa teimosia e dureza de coração. Ele quebra o nosso coração e nos capacita a viver conforme o novo homem.
Um livro de um autor humano pode ter muitas qualidades excelentes. Pode ser interessante e excelente, de forma que você devore suas páginas com avidez e não possa parar. Mas a Bíblia, além de interessante e excitante, é também poderosa, divinamente poderosa, pois é um martelo poderoso que esmiúça a pedra.
Não é a Bíblia somente que é o martelo de Deus, mas a pregação do evangelho também o é, como o contexto de Jeremias 23:29 mostra, e como veremos mais tarde nessa série (se Deus quiser).
Fonte: Covenant Reformed News, May 2002, Volume IX, Issue 1.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em dezembro/2007.
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