Prof. Herman Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
God’s Hammer: The Bible and Its Critics, by Gordon H. Clark. The Trinity Foundation, 1987, 225 pp.2
Esse livro é sem dúvida o melhor que já li sobre a questão da doutrina da inspiração e infalibilidade da Escritura. Há várias razões pelas quais, sem hesitação, eu digo isso.
1) O livro defende sem reservas e ambigüidade a infalibilidade absoluta da Escritura e sua completa integridade e confiabilidade. Clark não tem tempo para aqueles que, de uma forma ou outra, querem comprometer essa grande verdade, tão importante para a fé do filho de Deus.
2) O livro é escrito numa linguagem direta e franca de alguém que sabe e vê que essa doutrina não é complicada ou difícil de entender, mas que é uma verdade que todo filho de Deus pode conhecer e compreender. Clark não deseja nenhum dos jargões dos defensores modernos da crítica da redação e seus intermináveis argumentos que ninguém pode seguir, a menos que tenha alguma graduação em hermenêutica moderna. A Escritura é clara, objetiva e honesta. Isso dá crédito imediatamente ao livro. Quando discussões da inerrância e autoridade da Escritura são tão complicadas que somente estudantes avançados com graduações podem entendê-las, uma pessoa não pode fazer nada senão suspeitar que elas carreguem menos que a verdade. A verdade é sempre simples e clara. As coisas tornam-se complicadas e difíceis quando a heresia chega.
3) No capítulo 1 Clark estabelece o ponto enfático que não se pode acreditar nessa verdade concernente à Escritura, à parte da graça, por causa do pecado que está presente em todo homem. Eu aprecio essa ênfase imensamente, pois é raro ouvi-la em nossos dias, e a mesma coloca a batalha entre aqueles que sustentam e os que negam a infalibilidade no lugar pertencente à batalha: na arena da fé vs. incredulidade.
4) Mas acima de tudo, aprecio esse livro porque é o único livro que já li sobre a questão da doutrina da Escritura que tem uma visão correta da inspiração orgânica. Em pelo menos dois lugares Clark lida com essa questão. Ela é muito importante porque os críticos da Escritura têm freqüentemente contraposto a inspiração orgânica com a idéia da ditação e, portanto, interpretado a inspiração orgânica como se referindo a certa liberdade com a qual “autores secundários” possuíam à medida que escreviam a Escritura—uma liberdade para escrever coisas de sua própria forma, que resultaram numa grande quantidade de visões pessoais e condicionamentos culturais permeando a Bíblia. Clark fala corretamente da inspiração orgânica. Ele aponta que, embora a partir de certo ponto de vista a Escritura tenha sido ditada, pois foi verbalmente inspirada, todavia, a inspiração é mais que ditação por causa da verdade da predestinação e providência. Isto é, todos aqueles a quem Deus usou para escrever a Escritura foram determinados por Deus, desde a eternidade, para cumprir esse papel e foram preparados pela providência soberana de Deus para essa obra. Assim, todas as circunstâncias de suas vidas foram determinadas e soberanamente controladas. Quão bom é ouvir essa ênfase, que é tão gravemente necessária em nossos dias.
Freqüentemente discutimos no Seminário (entre os professores e com os estudantes) que uma super-ênfase sobre o fator humano na Escritura é realmente um Arminianismo, que também introduziu um fator humano na obra da salvação. A analogia entre a Escritura e a salvação é correta porque a Escritura pertence à obra de salvação em Jesus Cristo. Clark, ao insistir sobre a predestinação e providência, torna tal conceito arminiano da Escritura impossível.
O livro é uma coletânea de ensaios sobre esse assunto, que Clark escreveu ao longo dos anos. Por essa razão, há certa duplicação no livro, e alguns dos ensaios são bem filosóficos, especialmente quando Clark está analisando e criticando as visões dos críticos. Mas Clark sustenta que a verdade da revelação é racional, e que o corpo inteiro da verdade é um todo orgânico, cada parte do qual permanece em conexão lógica com cada outra parte. Os poderes da análise lógica de Clark são formidáveis e ele sujeita os ataques dos críticos contra a Bíblia a uma análise minuciosa e crítica severa.
Encorajo nossos leitores a conseguirem esse livro. E ao comprar, seria muito bom você obter um livreto das publicações do Trinity Foundation, bem como solicitar o Trinity Review deles.3 O último é um pequeno jornal que geralmente tem um ou dois artigos de valor excepcional. Uma edição do verão passado tinha uma análise sobre a livre oferta do evangelho. O endereço é: The Trinity Foundation, P.O. Box 169, Jefferson, Maryland 21755.
Fonte: Standard Bearer, volume 65, issue 1 (Outubro de 1988)
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em junho/2008.
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3 http://www.trinityfoundation.org/
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