Rev. Brian L. Dole
John Knox, e a atitude de Deus para com os pecadores é discutida num artigo do Rev B L Dole. Alguns excertos são providenciados de Knox sobre Predestinação e de Gillespie e Rutherford. Um princípio é identificado.
É um sentimento comum na pregação evangélica, que Deus Pai deseja que cada pecador em cima da Terra devia acreditar em Cristo como seu próprio Salvador. Este sentimento não se confina às denominações arminianas. Tem sido adoptado inquestionavelmente por muitos da convicção calvinista hoje na Escócia. Acerca da sinceridade da vontade de Deus no que respeita os pecadores pelos quais Cristo não morreu, é feito frequentemente um recurso atribuindo a Deus duas vontades. Uma vontade é explicada como sendo universal no desejo, enquanto a segunda vontade deseja unicamente a salvação dos eleitos. Com a recente publicação das obras de Knox (Works),[i] e, um pouco antes das obras de George Gillespie e Samuel Rutherford, tornou-se possível ler o que estes pais da Igreja da Escócia creram e ensinaram do assunto. Deles era um Evangelho marcadamente diferente do moderno Evangelho em vários importantes aspectos.
O melhor lugar para observar o ensinamento de John Knox sobre o assunto é na sua obra substancial sobre predestinação (On Predestination).[ii] Enquanto vivia em Genébra por volta de 1558, foi pedido a Knox pelas pessoas que estavam em Inglaterra que ele respondesse a um livro que estava a circular chamado “Careless by Necessity”. Este trabalho, escrito por um Anabaptista, negava a doutrina da Predestinação. Knox respondeu ao pedido inglês, provavelmente completando o trabalho enquanto estava em Dieppe à espera de permissão oficial para reentrar na Inglaterra. Este trabalho é a maior obra escrita de Knox, ocupando 443 páginas na reimpressão de David Laing. Não há quaisquer dúvidas no tocante à sua autoria. Knox foi nomeado independentemente como o seu autor quando lhe foi concedida permissão para que fosse impressa em Genebra no dia 13 de Novembro de 1559.
Sobre Predestinação
está na forma de uma ‘resposta’, e é argumentativa na estrutura. Knox alternadamente cita uma afirmação do seu ‘Adversário’, para imediatamente seguir com a sua ‘Resposta’.
O nosso interesse é no ensino de Knox sobre quem Deus deseja que seja salvo. Salvar. Os excertos seguintes demonstram as suas convicções à medida que ele expõe as afirmações do oponente anabaptista.
Afirmação Anabaptista 1:
‘Deus não deseja a morte do pecador mas antes que ele se converta e viva’
Resposta de Knox:
‘Consideremos sucintamente que pecadores são estes que Deus não deseja a morte, mas antes que se convertam e vivam. São João na sua epístola disse, ‘Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.’ etc. E depois, ‘Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele (isto é, em Cristo Jesus) não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.’ etc ‘Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio.’ etc ‘Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.’
Nestas palavras é evidente que há duas qualidades de pecadores, uma que lamenta e sente a sua própria malvadez e miséria, inegavelmente perante Deus, confessando que não só a sua natureza é pecadora e corrupta, mas também que diariamente eles ofendem de tal forma a Majestade do seu Deus, que muito justamente eles merecem os tormentos do inferno, se a mediação de Cristo (que pela fé eles recebem) não os libertar da ira porvir.[iii] ‘A morte de tais pecadores Deus nunca quis; nem agora pode Ele querer. Pois desde toda a eternidade eles foram seus filhos eleitos, os quais Ele deu ao Seu Filho para ser Sua herança.[iv] ‘A morte, eu digo, de tais pecadores Deus não deseja, mas ele deseja que eles se arrependam e vivam’. ‘Mas há outra qualidade de pecadores muito diferente destes.[v]
Escrevendo 87 anos depois Samuel Rutherford haveria de ecoar as mesmas verdades; ‘Humilhado, contristados e auto-condenados pecadores somente, são para crer, e vir a Cristo. É verdade, todos os pecadores são obrigados a crer, mas para crer depois da ordem da livre graça; isto é, que eles sejam primeiramente perdidos em si próprios e doentes, e depois salvos pelo médico.’[vi].
Afirmação Anabaptista 2:
‘Deus quer que todos os homens sejam salvos’
Resposta de Knox:
‘O Apóstolo por estas palavras: “Deus quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade ” falava não de todos os homens, e de todas as pessoas particularmente, mas de todos os homens em geral, isto quer dizer, de homens em todos os estados, todas as condições, todas as esferas e todos os tempos.’[vii].
Samuel Rutherford descreveu o assunto assim; ‘O amor de João 3:16 é restrito à Igreja…[viii] ‘O mundo amado, o mundo salvo (v. 17), o mundo do qual Cristo é o Salvador (João 4:42), o mundo a que Cristo entregou a Sua vida (João 6:33) e pelas vidas de quem Ele deu a Sua vida (v55), o mundo pelo qual Abraão, mas muito mais Cristo, é herdeiro (Rm 4:13) o mundo reconciliado, ocasionado pelo rompimento dos judeus com Cristo (Rom 11:15), todos estes são o Eleito, Crente e Redimido Mundo;’[ix]
George Gillespie, enquanto participava no debate em João 3:16 em Westminster, expôs a passagem como, ‘Deus amou os eleitos de tal maneira para que todo aquele que nele crê …’[x]
Afirmação Anabaptista 3:
‘Deus não deseja a morte de nenhuma criatura’
Resposta de Knox:
‘O profeta não disse ‘Eu não quero a morte de nenhuma criatura’ mas disse ‘Eu não quero a morte de um pecador’[xi] ‘Que Deus não se deleitava, nem queria a morte do ímpio. Mas de qual ímpio? Daquele, certamente, que verdadeiramente se arrepende, na sua morte, não quis, nem nunca quererá Deus se deleitar. Mas Ele deleitou-se em ser conhecido por um Deus mostrou misericórdia, graça e favor a tais como eficazmente chamou para o mesmo, apesar de quão gravosas possam ter sido as suas ofensas anteriormente. Mas aos tais que continuam obstinados na sua impiedade, não têm porção destas promessas. Porque a esses Deus matará, a esses Deus destruirá, e a esses Deus confiará, pelo poder da Sua Palavra, no fogo que nunca será apagado.’[xii]
Afirmação Anabaptista 4:
‘Deus irá ser requerido de todos, Ele ordena a todos os homens em todo o lugar que se arrependam, e oferece fé a todos os homens’
Resposta de Knox:
‘É Verdade que Deus é misericordioso, gentil, liberal, Protector, Refúgio e vida para todos. Mas para que todos? Para aqueles que odeiam a iniquidade, amam a virtude, lamentam pelos seus pecados passados, chamam pelo Seu nome em verdade, e buscam em sinceridade pelo Seu socorro no dia da sua angústia. Destes sem dúvida, Ele vai ser requerido, apesar de quão perversos e ingratos tenham sido anteriormente. Mas pelo contrário, Ele irá destruir todos os que falam mentiras. Ele odeia todos os que praticam iniquidade. E por isso eu digo, vós nunca sereis capazes de provar que Deus será requerido de todos, excepto se refutarem o Espírito Santo, e o façam retratar estes e outros inumeráveis lugares.’[xiii]
Samuel Rutherford põe assim, ‘Ele veio para chamar os seus próprios pecadores somente, não todos os pecadores.’[xiv]
O que é enfatizado por Knox, Rutherford and Gillespie é que os pecadores que são chamados para o perdão pelo Espírito de Cristo são aqueles pecadores convencidos de que são pecadores. Não pecadores que são justos aos seus olhos e negam o facto da sua pecaminosidade. E esta distinção está em completa concordância com a afirmação de Cristo que Ele veio não para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento.
Agora é aqui que esta doutrina de Knox, Rutherford and Gillespie é atacada por alguns que preferem um evangelho mais ‘gracioso’. Tais modernos acusam John Knox de hiper-calvinismo. Eles defendem que para Knox, a mensagem do evangelho é ‘praticamente’ pregada aos eleitos somente. Mas aqui atiram poeira para os olhos. Começando pelo chamado pela perspectiva de Deus (o chamado interno), eles imediatamente equivalem este à pregação do evangelho geral (o chamado externo e interno). Se a questão deles fosse que o evangelho é eficazmente pregado somente aos eleitos, todos os calvinistas de qualquer persuasão confessariam isto como verdade. Pelo contrário, eles asseveram que igrejas e ministros da persuasão de Knox conscientemente confinam a sua pregação aos eleitos somente. A história missionária da Igreja da Escócia mostra que esta acusação não é baseada em factos. A multidão de almas que buscaram e encontraram salvação dentro da Igreja da Escócia também mostra esta acusação como infundada. E uma sequencial comparação dos sermões pregados nos dias de Knox com aqueles pregados mais tarde no século 17 (por homens como William Guthrie, Richard Cameron and Donald Cargill[xv]), demonstram uma real e profunda preocupação de despertar os não convertidos das suas congregações e de os conduzir à vida eterna.
Se os críticos querem dizer que a pregação é focada mais nos salvos do que nos não salvos, então a crítica tem algum fundamento. O dever da Igreja não é somente repetir o seu convite do Evangelho aos pecadores, mas precisa também edificar os santos em todo o conselho de Deus [xvi]. Aqui o poder de Deus é também visto semana após semana. Aqui a Igreja supera-se quando ela prega todo o conselho da Palavra de Deus e aplica-a aos corações dos ouvintes. E o seu Evangelho é vastamente superior quando ela prega realmente aos não salvos. Ao contrário do inofensivo evangelho normalmente ouvido hoje, o Evangelho de Knox não é hipoteticamente, teoricamente uma possibilidade de salvação a alguns, mas uma ordenança, uma real, divinamente poderosa, mais do que certa oferta de vida eterna a todo o pecador consciente sobre cujos ouvidos cai! ‘Levanta-te, brilha’, pronuncia ele, ‘porque a tua luz chegou, e a glória do Senhor é sobre vós!’
Nós precisamos de homens como Knox hoje, que não pestanejam em declarar todo o conselho de Deus, quer agrade às congregações do século 21 ou não. Tais homens-tipo-Knox vão fazer uma diferença permanente sobre a terra. E pecadores perdidos irão encontrar a igreja como o portão para o céu verdadeiramente. Possa Deus nos conceder continua provisão de homens tipo Knox, Rutherford and Gillespie no ministério da EPC da Austrália.
References
[i] The Works of John Knox, Still Waters Revival Books, Edmonton, Canada (N.D.)
[ii] The full title is, An Answer to a great number of blasphemous cavillations written by an Anabaptist, and adversary to God’s eternal Predestination and confuted by John Knox
[iii] Knox J. ‘On Predestination’ Knox Works Vol. 5 SWRB Edmonton N.D. p. 416
[iv] ibid. p. 417
[v] ibid. p. 418
[vi] Rutherford, S. Trial and Triumph of Faith (Originally 1658) Edin. 1845 p. 152
[vii] Knox J. `On Predestination‘ Knox Works Vol. 5 SWRB Edmonton N.D. p. 410
[viii] Rutherford S. Oct 23rd 1645 Session 523. Minutes of Westminster Assembly, Mitchell & Struthers, 1874 and 1991, p.158
[ix] Rutherford S. Christ Dying and Drawing Sinners to Himself, SWRB Edmonton (N.D.), pp. 487-488
[x] Gillespie, G. Oct 22nd 1645 Session 522. Minutes of Westminster Assembly, Mitchell & Struthers, 1874 and 1991, p. 156
[xi] Knox J. ‘On Predestination‘ Knox Works Vol. 5 SWRB Edmonton N.D. p. 408
[xii] ibid. p. 410
[xiii] ibid. pp. 403-404
[xiv] Rutherford, S. A Modest Survey of Antinomianism with a brief refutation (Originally 1648) p. 145
[xv] Kerr J. Sermons by Martyrs-Peden Shields Cameron Guthrie and others, Edin, 1860
[xvi] It is interesting to notice this same emphasis in the sermons preached by John Calvin & Martin Luther
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