Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
O que é o pacto? A Escritura fala dele freqüentemente, e é necessário, portanto, conhecer sobre o que a Escritura está falando.
A maioria definiria um pacto falando de um contrato ou um acordo. Eles dizem que o pacto de Deus com o homem é do mesmo tipo de um pacto humano, tal como aquele entre Isaque e Abimeleque (Gn. 21:27-32), com vários deveres, promessas e penalidades.
Tal pacto é feito por duas partes ou lados, depende em certa extensão de cada um, e pode ser quebrado por ambos. Adão, assim é dito, era a parte original do pacto feito com Deus, mas agora que Adão caiu, Cristo o substituiu.
O pacto de Deus com os homens não é dessa natureza. Os homens nunca podem ser uma parte com o Deus vivo ao fazer um pacto. Porque Deus é Deus e o homem é uma criatura, devendo sua própria existência a Deus, não existem deveres que o homem possa assumir através de um acordo especial, além daqueles deveres que ele já é obrigado a executar. A criatura não pode fazer um contrato com o Criador.
Nem pode o homem merecer algo da parte de Deus em tal pacto, por suas próprias obras ou cumprindo certas condições. Quando ele faz tudo o que é requerido dele, ele ainda é um servo inútil (Lucas 17:10). Certamente o homem não poderia merecer a vida eterna no pacto, como alguns ensinam. A vida eterna vem somente através daquele que é o Senhor dos céus, nosso Senhor Jesus Cristo (I Co. 15:47-48).
A Escritura ensina que o pacto não é um acordo, mas uma ligação ou relação soberanamente estabelecida entre Deus e o seu povo em Cristo. Isso é claro a partir das palavras freqüentemente repetidas na Escritura, sempre que Deus revela seu pacto: “Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Gn. 17:8; Ex. 6:7; II Co. 6:16; Ap. 21:3).
Essas palavras, encontradas em formas levemente diferentes, se tornou um tipo de fórmula pactual por toda a Escritura. Elas nos mostram que uma passagem particular está falando do pacto.
Outras passagens descrevem na prática tal relacionamento entre Deus e o seu povo. Gênesis 5:22-24, Gênesis 6:9, Gênesis 18:17-19, Salmos 25:14, João 17:23, Tiago 2:23 e I João 1:3 são apenas algumas poucas passagens. Todas elas mostram que o pacto de Deus é a bendita relação de comunhão e amizade que ele estabelece com eles pela graça somente e através da obra salvífica de Jesus Cristo.
Essa relação é soberanamente estabelecida por Deus: ele faz e garante a relação. Em nenhum sentido o pacto depende do homem como uma segunda parte, mas ele é totalmente a obra de Deus e tudo pela graça, isto é, de favor imerecido. O pacto é sempre um pacto de graça.
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 167-168.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
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