Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
O Novo Testamento é chamado de o novo pacto (aliança, concerto) em Hebreus 8:6-13. De fato, a palavra testamento é a mesma palavra que pacto. De acordo com Hebreus 8, esse novo pacto substitui o antigo.
De Hebreus 8:6-13 muitos concluem que existe certa diferença essencial ente o antigo e o novo—que eles são pactos diferentes. Os Batistas chegam a essa conclusão em sua defesa do batismo do crente, dizendo que o pacto selado pela circuncisão não é o mesmo pacto selado pelo batismo. Os pré-milenistas chegam a uma conclusão similar em defesa da crença deles de que haverá um futuro terreno especial para Israel (uma promessa pactual para Israel, e outra para os crentes do Novo Testamento).
Cremos que o novo pacto substitui o antigo somente como uma revelação mais nova e mais completa do único pacto eterno de Deus. As diferenças são somente diferenças de administração. A passagem de Hebreus 8 deixa isso claro.
Primeiro, o versículo 10 usa a fórmula pactual ordinária—eu serei o vosso Deus; eles serão o meu povo—para mostrar que o novo pacto não é essencialmente diferente do antigo. As relações ainda são as mesmas no antigo e no novo pacto.
Segundo, a referência às “minhas leis” no versículo 10 confirma isso. No novo pacto a lei não foi removida, mas reescrita em tábuas diferentes: as tábuas de carne do coração (II Co. 3:3). A lei e o pacto ainda andarão juntas. De fato, a entrega da lei, embora agora diferentemente escrita, é o estabelecimento ou declaração do pacto, tanto em Deuteronômio 4:13 como em Hebreus 8:10.
Terceiro, tanto no antigo como no novo pacto, de acordo com Hebreus 8:11, a coisa essencial é conhecer ao Senhor, embora haja uma diferença em como o conhecemos. Esse versículo fala do Novo Testamento como um tempo de realização e cumprimento. Ele é um tempo, portanto, no qual o povo de Deus o conhece diretamente e não mais através da mediação de sacerdotes e levitas (Ml. 2:5-7).
O novo pacto, então, não é algo completamente diferente, mas novo no mesmo sentido que os céus e a terra serão novos quando Cristo vier novamente. Os céus e a terra não serão aniquilados, mas renovados.
O passar do antigo pacto não trouxe, portanto, um pacto inteiramente novo, mas uma revelação melhor daquele pacto no qual Deus é o Deus do seu povo e os toma para si. É a última e mais plena revelação do pacto pela chegada das coisas prometidas, ao invés das figuras e tipos do antigo pacto. A lei pertence ao novo pacto, não como um tipo de limite, mas como uma ajuda para nos mostrar como podemos melhor glorificar a Deus e agradecê-lo por nossa salvação em palavras e obras.
Esse novo pacto é “melhor,” como expresso em Hebreus 8:6, e mais glorioso, porque ele nos traz a Cristo, e não apenas ao tipos de Cristo. Somente a consumação final do pacto será mais gloriosa.
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 179-181.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
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