João Calvino
“Em quem [Cristo] ‘estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência’ (Col. 2:3) com tamanha abundância e riqueza que quer esperar por ou buscar qualquer nova adição a estes tesouros é verdadeiramente levantar a ira de Deus e provoca-Lo contra nós. É para nós esfomear por, buscar, olhar para, aprender e estudar Cristo somente, até chegar aquele grande dia quando o Senhor irá completamente manifestar a glória do seu Reino (cf. I Cor. 15:24) e irá mostrar-se a si mesmo para nós o vermos como Ele é (I João 3:2). E por esta razão esta nossa era é designada nas Escrituras de ‘a última hora’ (I João 2:18), os ‘últimos dias’ (Heb. 1:1), os ‘últimos tempos’ (I Pedro 1:20), que ninguém se iluda a si próprio com uma vã expectação de uma nova doutrina ou revelação. ‘Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho’ (Heb. 1:1-2), quem somente pode revelar o Pai (Lucas 10:22); e Ele tem de facto manifestado o Pai plenamente, tanto quanto nós pedirmos, enquanto nós agora vemo-lo num espelho (I Cor. 13:12)” (Institutes 4.18.20).
“Isto, entretanto, permanece certo: a perfeita doutrina que Ele trouxe tornou-se num fim a todas as profecias. Todos aqueles, então, que não contentes com o evangelho, remendam-no com algo estranho, excluída da autoridade de Cristo. A voz que trovejou do céu, ‘Este é o meu Filho amado; … ouçam-no’ (Mat. 17:5; cf. Mat. 3:17), exaltou-o por um privilégio singular além do alcance de todos os outros. Então esta unção foi difundida da Cabeça para os membros, como Joel havia predito: ‘vossos filhos profetizarão e vossas filhas … terão visões,’ etc. (Joel 2:28). Mas quando Paulo diz que Ele foi-nos dado a nós como nossa sabedoria (I Cor. 1:30), e noutro lugar, ‘Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência’ (Col. 2:3), ele tem algo ligeiramente diferente em mente. Isso é, fora de Cristo, não há nada que valha conhecer, e todos os que pela fé percebem como Ele é têm alcançado toda a imensidão dos benefícios celestiais. Por esta razão, Paulo escreve numa outra passagem: ‘nada precioso me propus saber, entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado’ (I Cor. 2:2). Isto é muito verdade, porque não é permitido ir além da simplicidade do evangelho e a dignidade profética em Cristo conduz-nos a conhecer que na soma da doutrina como no-la tem dado a nós estão contidas todas as partes da perfeita sabedoria” (Institutes 2.15.2).
“E quando ele fala de os últimos tempos, Ele intima que não há mais nenhuma razão para esperar nova revelação; porque não foi uma palavra em parte que Cristo trouxe, mas a conclusão final. É neste sentido que os Apóstolos tomam ‘os últimos tempos’ e ‘os últimos dias.’ E Paulo quer dizer o mesmo quando diz, ‘para quem já são chegados os fins dos séculos’ (I Cor. 10:11). Se Deus então falou pela última vez, é certo avançar até aqui; como também quando tu vens a Cristo, tu não deves ir além: e estas duas coisas são muito necessárias para nós sabermos. Porque foi um grande obstáculo para os judeus que eles não consideravam que Deus tinha reservado uma revelação mais completa para outro tempo; assim, estando satisfeitos com a sua própria Lei, eles não avançavam para o alvo. Mas desde que Cristo apareceu, um mal oposto começou a prevalecer no mundo; porque os homens desejaram avançar além de Cristo. Que mais é todo o sistema do papado, mas o ultrapassar dos limites que o apóstolo fixou? Assim pois, o Espírito de Deus nesta passagem convida todos a vir tão só a Cristo, e então os proíbe de irem além no tempo que resta que ele menciona. Em suma, o limite da nossa sabedoria é dita aqui ser o Evangelho” (Coment. em Heb. 1:1).
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