Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Muitos disputariam veementemente o ensino que Israel é a igreja do Antigo Testamento e, portanto, o pacto de Deus com Israel é o mesmo pacto que ele tem com sua igreja no Novo Testamento. Por essa razão, precisamos provar nossas doutrinas cuidadosamente a partir da Escritura.
Que Israel e a igreja são a mesma coisa é claro. O verdadeiro Israel na Escritura não é um povo terreno e uma nação carnal, mas o povo espiritual de Deus, como o é a igreja.
Em Romanos 9:6-8, a Palavra de Deus nos diz que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas.” Portanto, a Escritura faz uma clara distinção entre aqueles que são somente de Israel e aqueles que são verdadeiramente israelitas. Todos que pertenciam à nação eram de Israel, mas somente aqueles que tinham nascido pelo poder da promessa (nascidos de novo pela viva Palavra de Deus) eram contados como a semente, isto é, como filhos de Abraão e filhos de Deus. Eles eram um povo espiritual.
Romanos 2:28-29 confirma isso de uma forma extraordinária. A passagem diz claramente que não é judeu quem o é apenas exteriormente. Uma pessoa é um judeu quando o é interiormente, isto é, alguém que foi circuncidado no coração e no espírito (compare com Cl. 2:11).
Isso deveria significar, de acordo com a definição bíblica de um judeu, que até mesmo os gentios crentes eram contados como filhos de Abraão e como israelitas. A Escritura ensina isso também. Romanos 4:11-16 deixa claro que Abraão não é pai somente de judeus crentes, mas de gentios crentes também. Ele é o pai de “todos nós,” isto é, de um povo espiritual. Gálatas 3:7 diz claramente: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.”
De fato, o Novo Testamento deixa claro que os gentios crentes são mais verdadeiramente judeus e mais verdadeiramente circuncisos que os descendentes incrédulos de Abraão. Aqueles que são judeus somente de acordo com a carne são chamados em Filipenses 3:2 de “concisão,”2 ou meros “mutiladores,” pois apesar de externamente circuncidados, não são espirituais. Jesus também deixou claro que alguns dos judeus não eram filhos verdadeiros de Abraão, nem filhos de Deus (João 8:33-41ss.). Em contraste, os filipenses, que eram gentios, são chamados de “a circuncisão,” pois “adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (v. 3).
Há outras passagens que ensinam isso também. Gálatas 4:1-7 nos diz que a igreja do Antigo e do Novo Testamento são uma ao compará-las com uma pessoa, crescendo desde a infância até a maturidade. Gálatas 3:16, 29 mostra que existe somente uma Semente: Cristo e aqueles que estão nele. Hebreus 12:22-24 identifica Jerusalém, o Monte Sião e a igreja dos primogênitos. Vir a um é vir a todos.
Essa identificação de Israel como o povo espiritual de Deus é crítica. Nossa participação em todas as bênçãos e promessas do pacto depende disso. Somente os verdadeiros judeus têm o direito às promessas e ao que foi prometido. Aquelas promessas não são para todos que possuem o nome, quer de judeu ou de cristão, mas somente para aqueles que crêem. Um judeu verdadeiro é alguém que crê—qualquer um que creia em Cristo. Você crê?
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 174-175.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em fevereiro/2007.
2Nota do tradutor: Na versão do autor. A NVI traz “falsa circuncisão”, e na nota de rodapé a seguinte instrução “grego: mutilação“.
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