Rev. Herman Hoeksema
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Neste mundo essa relação pactual,2 embora perfeita em princípio, é ainda muito imperfeita na realidade. Ela permanece na marca de uma luta. No pacto a igreja é da parte do Deus vivo, e mediante a graça de Deus peleja suas batalhas. Por conseguinte, ela deve colocar toda a armadura de Deus e vigiar em oração para que possa resistir e permanecer até o fim (Ef. 6:13; 1Pe. 4:7). Com a graça de Cristo ela recebe não somente o crer nele, mas também o sofrer com ele. Todavia, em tudo isso ela é mais que vencedora por meio daquele que a amou, pois nunca pode algo separá-la do amor de Deus que está em Cristo Jesus, seu Senhor (Rm. 8:37-39).
Presentemente, a vitória completa está garantida para ela. Na casa do seu Pai existem muitas moradas, e Cristo entrou ali para preparar um lugar para ela. Quando ele tiver preparado um lugar para ela, virá novamente para que ela possa estar onde ele está (João 14:1-3). Presentemente, os novos céus e a nova terra aparecerão quando o primeiro céu e a primeira terra tiverem passado, e o mar não mais existirá; então a santa cidade, a Nova Jerusalém, de Deus descerá do céu, preparada como uma esposa para o seu marido; e então será ouvida a palavra da realização final do pacto de Deus:
Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas (Ap. 21:1-4).
De tudo isso é perfeitamente evidente que o mais profundo pensamento da Escritura não é que o pacto de Deus seja certo acordo entre duas partes, mas que o pacto é no mais pleno sentido de Deus somente. É também claro que a idéia e a própria essência do pacto não são encontrados num certo acordo ou contrato, mas na mais íntima e viva comunhão de amizade, em nosso ser recebido na vida de amizade que está no próprio Deus, a vida que ele como o Triúno vive eternamente em si mesmo. Dessa vida pactual, seu pacto conosco em Cristo é a mais alta e bela manifestação; na revelação dessa vida pactual de Deus, seu pacto conosco tem ao mesmo tempo seu mais alto propósito, pois dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas, a fim de que possa ser sua a glória para sempre e sempre.
É então evidente que o pacto de Deus não pode ser apresentado como um mero caminho de salvação, ou como um caminho para a vida, mas como a forma mais alta possível de toda vida e bem-aventurança. Por essa razão o pacto de Deus é um pacto eterno. Se falarmos de um pactum salutis ou conselho de paz, é certamente necessário que não percamos de vista essa idéia essencial do pacto. No pacto de redenção ou conselho de paz, o pacto não pode ser apresentado como algo incidental, mas como o mais alto propósito da revelação de Deus ao redor do qual todas as coisas no conselho de Deus se concentram e para o qual todas elas são adaptadas.
Fonte: Reformed Dogmatics, Herman Hoeksema, Reformed Free Publishing Association, vol. 1, pp. 469-471.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em julho/2007.
2Nota do tradutor: Ver O Pacto e a Igreja
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