Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Outro argumento dos Batistas para o assim chamado “batismo dos crentes” é que não somente a fé,2 mas também o arrependimento deve preceder o batismo. De certa forma já respondemos esse argumento, mas existem algumas coisas que ainda precisam ser apontadas.
Olhemos primeiramente para Marcos 1:4, que fala do batismo de arrependimento: “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados.” Muitos concluem a partir desse versículo que o arrependimento deve preceder o batismo.
Contudo, isso de forma alguma é evidente. A palavra de poderia significar “o batismo que tem sua origem no arrependimento” e poderia estar sugerindo que o batismo deve seguir o arrependimento. As palavras de arrependimento poderiam significar também que o batismo e o arrependimento pertencem um ao outro, sem dizer algo sobre a ordem na qual ocorrem.
Cremos que a frase não diz nada sobre a ordem na qual os dois ocorrem, mas antes significa que arrependimento e batismo sempre se pertencem—que o batismo demanda o arrependimento (quer antes do batismo, ou após, ou ambos).
Se existe alguma ordem entre batismo e arrependimento, a Escritura ensina que o batismo é seguido pelo arrependimento. Mateus 3:11, uma passagem paralela, mostra isso. Ali lemos de um batismo para arrependimento, onde a palavra para tem a idéia de “movimento em direção a algo.” A idéia é que o batismo é administrado visando o arrependimento a seguir, ou mesmo como um tipo de chamado ao arrependimento.
Ao sugerir que o batismo antecede e não precede o arrependimento, Mateus 3:11 identifica uma diferença importante entre as visões Batista e Reformada sobre o batismo. A visão Batista é que o batismo é um sinal ou marca do que já fizemos ao nos arrepender e crer. A posição Reformada é que o batismo é o sinal ou marca do que Deus já fez ao nos regenerar. Ele não sinaliza nossa resposta à graça, mas a obra da própria graça.
O batismo, na própria natureza do ritual, é um retrato do lavar os pecados pelo sangue de Jesus. Isso é o que Deus faz ao nos salvar, e ele faz isso primeiro. Ele o faz quando ainda somos incapazes de responder à sua graciosa obra. O arrependimento vem a seguir.
Se entendermos isso, o batismo infantil não será visto como algo estranho, mas apropriado. Afinal, não existe nenhum de nós, salvo como um adulto ou infante, que não tenha entrado no reino dos céus como um infante, isto é, mediante uma obra de pura graça que precede toda atividade e resposta da nossa parte. Essa obra da graça é o que o batismo infantil marca e comemora.
Fonte: Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 273-274.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em novembro/2007. 2Fé e Batismo
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