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Reprovação

Rev. Ronald Hanko

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1

Todos os calvinistas crêem que Deus escolheu graciosamente alguns para salvação—eleição. Alguns crêem também que Deus rejeitou outros eternamente—reprovação. Contudo, existe uma diferença de ênfase. Uns usam uma linguagem mais forte, dizendo que Deus destina alguns para destruição, e outros preferem uma linguagem mais passiva, dizendo que Deus, eternamente, apenas “ignora” ou “determina deixar alguns em seus pecados.” Em todo o caso, a referência é à reprovação.

Eleição e reprovação, juntas, são chamadas de “predestinação dupla.” Os credos Reformados ensinam claramente tal predestinação dupla. Os Cânones de Dordt, que são os originais Cinco Pontos do Calvinismo, ensinam isso,2 assim como a Confissão de Fé de Westminster.3 Mas a Bíblia ensina a reprovação? Considere as seguintes passagens:

Romanos 9:10-13 diz que antes de Jacó e Esaú terem nascido, Deus revelou que odiava um deles. Romanos 9:21-22 chama algumas pessoas de “vasos feitos para desonra” e “vasos de ira, preparados para a perdição.” I Pedro 2:6-8 diz que alguns foram destinados a tropeçar por meio da desobediência. Judas 4 fala de homens ordenados [KJV] para a condenação. Judas 6 ensina a reprovação mesmo em referência aos anjos caídos (demônios).

Observe também nessas passagens a linguagem forte que a Escritura usa. No mínimo, a Bíblia apóia o ensino que Deus, de fato, determina e destina alguns para a destruição, ao invés de apenas ignorá-los eternamente ou deixá-los em seus pecados. Em todo o caso, contudo, a Bíblia ensina claramente uma predestinação para destruição.

Deveríamos enfatizar duas coisas ao falar da reprovação: primeiro, ela não faz de Deus o autor do pecado, nem absolve o ímpios da responsabilidade pelos seus pecados; e segundo, Deus tem um propósito na reprovação.

A grande diferença entre eleição e reprovação é essa: Deus, porque escolheu soberanamente seu povo desde a eternidade e determinou todas as coisas necessárias para a salvação deles, toma todo o crédito—toda a glória da salvação deles—para si mesmo. Embora ele seja igualmente soberano na reprovação, ele não toma nenhum do descrédito. Nesse respeito, eleição e reprovação não são iguais. Deus é o autor da salvação por causa da eleição, mas não é o autor do pecado por causa da reprovação.

Em Romanos 9:17-20 mesmo a sugestão que Deus está errado em achar falta nos pecadores é chamada de “replicar contra Deus.” Segue-se, também, que o ímpio é mantido plenamente responsável pelos seus pecados. Isso é claro a partir de Atos 2:23, que não somente nos diz que o pecado de crucificar a Cristo foi pré-ordenado por Deus, mas também que isso foi feito com “mãos de injustos.”

Tudo isso não implica que a reprovação é arbitrária. Não é verdade que Deus rejeitou eternamente alguns por nenhuma razão. Romanos 9:22-23 dá duas razões: para que Deus pudesse tornar sua ira e poder conhecido, e desse a conhecer as riquezas de sua glória sobre os vasos de misericórdia. Mesmo a reprovação serve ao propósito de Deus de mostrar sua misericórdia a seu povo, como é claro na crucificação de Cristo (Atos 4:24-28).

Embora achemos a reprovação uma doutrina difícil para a carne, cremos todavia que ela deve ser ensinada, para que os homens possam tremer diante da ira e poder de Deus, e se maravilharem de sua grande misericórdia (Is. 43:4). Oh, que muitos tremam e se maravilhem hoje!

Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 69-70.

1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em abril/2007.

2Os Cânones de Dordrecht (Dordt), Primeiro Ponto Principal de Doutrina, Artigos 15-18. Resumido no acrônimo TULIP, os Cinco Pontos do Calvinismo são a depravação total, a eleição incondicional, a expiação limitada, a graça irresistível e a perseverança dos santos.

3

Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 3:7.

Para material Reformado adicional em Português, por favor, clique aqui.

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