Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Uma das obras mais maravilhosas de Deus é sua revelação a nós. O simples fato dele se revelar é algo grande e formidável. Ele é suficiente em si mesmo, não tendo necessidade de nada nem ninguém, e, todavia, escolheu se revelar em todas as obras de suas mãos.
Ainda mais formidável é o fato que Deus nos revela a si mesmo. Somos apenas criaturas, a obra de suas mãos, menos que o pó diante dele. Ele é o Todo-Poderoso, o Deus infinito e eterno, que não pode ser compreendido. Todavia, ele fez a si mesmo e a sua glória conhecida a nós.
Especialmente quando lembramos que ele é, de acordo com I Timóteo 6:16, aquele a quem nenhum homem viu, nem pode ver, o Espírito puro e para sempre invisível diante dos nossos olhos, percebemos que a revelação é um milagre. Que aquele que é grandíssimo falaria numa linguagem humana, e de uma forma que o mais simples de nós poderia entender, é quase inacreditável. Calvino falou de Deus “soletrando” para nós, assim como um pai faz com seu filho pequeno. Esse é o milagre da revelação.
Parte desse milagre, sem dúvida, é o fato que Deus se faz conhecido a pecadores que fecharam suas mentes e coração para ele. Nisso vemos a conexão entre o milagre da revelação e o milagre da graça, e percebemos que a revelação tem seu propósito último na salvação do povo de Deus.
Isso nos leva ao fato que existem diferentes formas nas quais Deus se revela. A Confissão de Fé Belga, seguindo o Salmo 19, fala de duas formas, através da criação e da Escritura,2 mas há outras formas também. Deus também se revela na história, que na verdade é “sua história,” na consciência de todo homem, e no Antigo Testamento diretamente por sonhos, visões, anjos e outros meios.
A revelação de Deus na criação é descrita na Confissão Belga como um “livro formoso.”3 Assim como a obra de um pintor ou escultor revela algo do artista, da mesma forma as obras de Deus revelam algo dele mesmo. Todavia, essa revelação, bem como a revelação de Deus na história e na consciência do homem, é um livro apavorante para os pecadores não-salvos. O pecador não-salvo não pode ler nada nessa revelação, senão ira e juízo, e por essa razão ele também corrompe essa revelação e afasta-a de si (Rm. 1:25).
Somente na Escritura Deus se revela por meio de Jesus Cristo como o Salvador do seu povo. Por essa razão, pensamos especialmente nas Escrituras quando falamos de revelação.
Tendo conhecido Deus por meio das Escrituras, podemos também nos aproveitar da revelação de Deus na criação e história. Como Calvino sugeriu, as Escrituras são os óculos através dos quais somos capacitados a ler na criação algo do amor e graça de Deus. A Escritura nos ensina a procurar no nascer do sol e nos lírios, nas sementes e montanhas, evidências do grande Deus da nossa salvação e de sua graça.
Aprendamos a ler esse “livro formoso” da criação, mas não negligenciemos o livro maior, a palavra de Deus nas Escrituras. Ali aprendemos a conhecer aquele que tão graciosamente se revelou a nós em seu Filho.
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 7-8.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em abril/2007.
2 Confissão de Fé Belga, Artigo 2.
3 Ibid.
Para material Reformado adicional em Português, por favor, clique aqui.