A Disciplina Amorosa dos Filhos do Pacto
Rev. Steven Key
Tradução: Nayara Andrejczyk
Revisão: Felipe Sabino
“A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe”(Provérbios 29:15).
O Deus vivo considera muito seriamente os votos de batismo que os pais fazem e a responsabilidade que ele dá a todos os pais quando lhes dá filhos.
Disciplina é a ordem do governo de Deus, uma ordem dada a nós porque ele sabe que somos pecadores—aliás, que somos concebidos e nascemos em pecado. Hoje, a maldade da sociedade na qual vivemos tem permeado também a igreja. E não nos deixou ilesos. O Senhor tem confiado a nós como membros das Igrejas Protestantes Reformadas a mais bonita verdade, aquela do pacto. Deus nos leva à sua própria vida de comunhão e amor, e faz com que sua própria vida pactual vibre através de nós, o seu povo. E ele tem nos direcionado claramente como devemos nos portar como povo do seu pacto no meio das nossas famílias. Mas há um esforço incessante por parte de Satanás para destruir nossas famílias. E há um esforço incessante para destruir a verdade do pacto de uma forma muito prática no que diz respeito à vida familiar, e a instrução e disciplina das nossas crianças.
Em obediência a Deus, nós, pais nas Igrejas Protestantes Reformadas, apresentamos nossos filhos a Deus para a administração do batismo infantil como um sinal e selo daquele pacto eterno de graça.No culto de adoração onde o batismo é administrado, os pais fazem votos diante de Deus em resposta às seguintes perguntas da nossa Forma de Batismo.
Primeiro. Você reconhece que, embora nossos filhos sejam concebidos e nascidos em pecado, e, portanto, sujeitos a todas as misérias, sim, à própria condenação, todavia foram santificados em Cristo, e, portanto, como membros da sua Igreja, devem ser batizados?
Segundo. Você reconhece a doutrina que está contida no Antigo e Novo testamento, e nos artigos da fé cristã, e a qual é ensinada aqui nessa Igreja Cristã, como sendo a verdadeira e perfeita doutrina da salvação?
Terceiro. Você promete e pretende ver essas crianças, quando chegarem à idade da ponderação [independente de você ser pai ou testemunha], instruídas e educadas na doutrina supramencionada, e ajudar ou fazer com que sejam instruídas nela, o máximo que puder?
Para muitos de nós, no mundo das Igrejas Reformadas, tem havido centenas de vezes em que temos ouvido esses votos da Forma de Batismo respondidos com um simples, “SIM.” Mas quantas vezes temos verdadeiramente meditado sobre o significado e importância de tais votos? Por exemplo, reconhecemos que nossas crianças são pecadoras, santas somente em Cristo. Confessamos nossa crença que a doutrina ensinada nessa Igreja Cristã é a verdadeira e perfeita (ou mais corretamente dizendo, a “completa”) doutrina da salvação. Prometemos e reconhecemos nossa intenção de instruir nossas crianças e de criá-las nessa completa doutrina da salvação. Porém, entendemos que essa doutrina não é simplesmente um conhecimento das várias verdades fundamentais das Escrituras, mas que também envolve muito mais? Fazemos idéia que a doutrina contida no Antigo e Novo Testamento é também tudo aquilo que Deus nos ensina concernente à forma da vida cristã, familiar e como devemos disciplinar nossos filhos? Sim, geralmente contrário aos métodos de criação de filhos proclamados por psicólogos e “experts” deste mundo, Deus mesmo nos dá claras instruções na disciplina infantil. Não queremos dizer com isso que sejam instruções fáceis de seguir. Tampouco queremos dizer que concordaremos com tais métodos de disciplina, até onde diz respeito nossas mentes pecaminosas. Mas quando o próprio Deus dá instruções, você e eu devemos não somente ouvir, mas obedecer.
O livro de Provérbios é cheio de ricas instruções, também referentes à criação dos filhos do pacto. Todavia, creio que qualquer ministro que compreende a importância da pregação centralizada em Cristo lhe dirá que é muito difícil pregar a partir do livro de Provérbios. Não há muitos sermões pregados a partir deste livro, certamente nenhuma série de sermões. Não que os Provérbios sejam difíceis de entender. É que eles são muitas vezes dolorosamente claros. Mas quando pregando a partir de Provérbios, não é difícil cair no erro de fazer de Provérbios um monte de homílias morais que se aplicam a todos os homens. É fácil negligenciar os Provérbios como parte daquela imagem do Deus da nossa salvação na face de Jesus Cristo.
Portanto, à medida que considerarmos as palavras de Provérbios 29:15, insto que você atente ao chamado que temos aqui com respeito ao treinamento dos nossos filhos—não porque digo isso como um pai que pensa saber tudo, mas porque o único e sábio Deus diz: “A vara e a correção trazem sabedoria.” E é exatamente quando compreendemos isso como algo muito mais importante que a instrução na psicologia infantil, como a instrução autoritária que Deus nos dá para criarmos os nossos filhos em Cristo, que vemos a importância em atentarmos a essa palavra. Portanto, chamo a sua atenção para:
A Disciplina da Vara e a Correção
Nós consideramos este tema abaixo de três títulos:
I. Disciplina Necessária
II. Disciplina Dupla
III. Disciplina Recompensadora
I. A disciplina necessária da qual o texto fala é a de treinamento da criança.
E, mais particularmente, quando lembramos que as Escrituras são endereçadas à Igreja de Deus, e aqui especificamente aos pais do pacto, então vemos que o escritor refere-se aos filhos do pacto.
É verdade que esse provérbio expressa uma máxima geral que pode ser aplicada a todos os filhos dos homens: A vara e a correção são meios apropriados de disciplina para toda criança, a fim de ajudá-las a se portarem melhor na sociedade (se é desta forma que você quer interpretar “sabedoria”); mas uma criança indisciplinada e sem limites traz vergonha para a sua mãe. Isso é verdade como regra geral para todos os homens. Mas se fazemos desse texto uma regra geral, um provérbio para todos, então falhamos em ver a beleza do evangelho aqui, e deixamos de ver sua aplicação específica à família do pacto e à criação dos nossos filhos. Pois devemos nos lembrar que, na Escritura, Cristo é o primeiro significado da palavra “sabedoria.” Quando temos isso em mente, então reconhecemos que esse texto dá instrução referente à criança que foi estabelecida por Deus dentro da esfera do pacto e, portanto, para pais que são membros da igreja de Cristo.
Quem é essa criança do pacto de quem o autor fala?
De acordo com o Salmo 127:3: “Os filhos são herança do SENHOR.” Isso significa que nossos filhos nos são dados pelo Senhor Jeová. Filhos do pacto são possessão de Deus. Não são nossos, para fazermos com eles o que quisermos. Ele nos apontou como tutores das crianças que confiou aos nossos cuidados. E é necessário que lembremos que estamos lidando não com nossas próprias crianças, mas com as crianças de Deus. Essa é uma verdade que foi compreendida entre os israelitas.
Especialmente em Israel, entre o povo de Deus, havia um tremendo interesse nas crianças. Isso aconteceu sem dúvida por causa da doutrina do pacto e a promessa que Deus havia dado aos patriarcas, de estabelecer seu pacto com os crentes e a sua semente, como um pacto eterno. Embora entendessem a história de Jacó e Esaú, e a verdade que a linha da eleição e reprovação percorre toda a esfera exterior do pacto; embora entendessem que não poderiam presumir a salvação de seus filhos, os israelitas, contudo, viam as suas crianças como filhos do pacto, filhos que Deus tinha lhes dado para criar dentro da esfera do seu reino e lei. E, portanto, a vida dos filhos de Deus, de uma forma extensa, girava em torno das suas crianças. Isso se torna evidente se você pegar uma boa concordância bíblica e estudar as palavras que são traduzidas como “crianças” no Antigo Testamento. Existem umas nove palavras hebraicas diferentes para “criança,” cada uma descrevendo esse filho do pacto do ponto de vista de vários estágios do seu desenvolvimento e maturidade.
Mas devemos lembrar que na fundação de todos esses fatos concernentes aos vários estágios de desenvolvimento infantil, repousa a verdade que nossas crianças nascem mortas em delitos e pecados, e são justas somente em Cristo Jesus nosso Senhor.
Disciplina é uma parte necessária da vida de uma criança.
Estas crianças, a quem damos nosso afeto e a quem amamos tanto, são pecadoras, dignas do inferno eterno desde o momento em que foram concebidas. E mesmo como crianças regeneradas, elas têm um velho homem assim como eu e você temos, lutando dentro delas. Se não se tornar cego pela preciosidade delas, você pode vê-las, já na infância, projetando aquela miserável natureza pecaminosa.
E na maioria das vezes, o pecado que as nossas crianças projetam é aquele pecado particular ou um número de pecados que aborrecem nossa natureza como pais. Devemos confessar isso para as nossas crianças também e ensiná-las: Nós vemos o nosso pecado em vocês, meus filhos. E, garotos e garotas, porque vocês têm a mesma natureza pecaminosa que nós, vocês também precisam aprender a verdade em Jesus. Vocês devem se despir do velho homem, e se revestir da vida de Jesus. Também devem se entristecer, e excessivamente, por terem pecado contra Deus. E vocês devem aprender também que a verdadeira alegria e felicidade em nossa vida está somente em Deus, através de Jesus Cristo. Pois, à medida que enxergar isso, mais grato você será que Deus tenha salvado um pecador como você. E mais desejo terá de querer guardar os mandamentos de Deus e viver para ele.
Para este fim, Deus ordenou que haveria um relacionamento de autoridade que os pais exerceriam sobre os filhos que Deus lhes deu. Isto é necessário por causa da natureza da criança. Quando você pensa no quinto mandamento, por exemplo, vê que é perfeitamente apropriado ao caráter da criança. Por esse motivo, é incrivelmente tolo falar sobre os direitos da criança. O próprio Deus conhece a vida e desenvolvimento da criança. Ele ordenou não somente a forma de desenvolvimento físico, mas também a forma de desenvolvimento espiritual. Ele vê que crianças são pecadoras, as quais, se deixadas à si mesmas, trarão vergonha não somente a ele, mas à sua Igreja e mesmo àquele a quem a criança é mais próxima—sua própria mãe. Este é o ponto da última parte do texto diante de nós.
A criança que é indisciplinada, aquela que não é criada com a vara e a correção, e que é deixada a si mesma na adolescência, traz vergonha à sua mãe. Não se pode conceber uma ilustração mais clara de miséria e ruina. Com que frequência você não vê uma mãe achando engraçado o temperamento maldoso da sua criança? Talvez você mesmo já o tenha feito. A natureza miserável de um filho ou filha é dissimulada como incidental, de forma que a mãe dirá a si mesma: “O temperamento mal passará, à medida que ele crescer e for capaz de argumentar mais com ele. O tempo se encarregará disso.” Deus nos ensina aqui que o tempo por si mesmo não conserta nada! O tempo apenas fortalece e traz maturidade àquela natureza perversa! Esse é um fato certo.
Você e eu não podemos projetar o futuro das nossas crianças. Não podemos saber o que futuro reserva para eles no que concerne à saúde ou doença, altura ou força, talentos ou posições. Mas de uma coisa podemos estar absolutamente certos, de acordo com a Palavra de Deus—essa criança, sem o governo e disciplina ordenado por Deus, irá correr sob o impulso impetuoso e perverso de sua própria vontade e, deixada a si mesma, trará vergonha à medida que corre para a destruição. A disciplina sã de orientação celestial é a bênção do nosso Pai. A sua mais terrível maldição é entregar-nos aos nossos próprios caminhos, para andarmos em nossos conselhos, como lemos no Salmo 81:12. A criança deixada a si mesma mostrará em toda a sua vida o ódio por Deus e pelo seu próximo, algo que permeia toda a sua natureza.
Eu não posso enfatizar excessivamente a necessidade de exercer a disciplina cristã sobre as nossas crianças, para a salvação delas e para que seja refletida a glória de Deus.
O que as pessoas vêem quando olham para os seus e os meus filhos? Se as pessoas podem olhar para os lares dos crentes das Igrejas Protestantes Reformadas e ver neles uma estrutura de ordem e um respeito à autoridade, que honre a Deus, e que sobressai em contraste ao pensamento antropocêntrico que tem permeado o mundo e a igreja de hoje, esse será um dos mais poderosos testemunhos à verdade na qual alegamos crer. A comunhão pactual de Deus é refletida em nossa vida familiar?
A disciplina amável, porém autoritária, de Cristo é vista em vocês como pais, enquanto exercitam a disciplina em seus filhos? Sem ela, sem obediência aos preceitos de Deus na criação de seus filhos, todo o seu chamado “amor” às Escrituras e à verdade de Deus será visto por todos aqueles a sua volta como demasiada hipocrisia.
A maneira na qual nossas crianças são treinadas a se conduzir no culto de adoração, na escola, na vizinhança, e em casa, deve refletir a verdade que está revelada na Bíblia.
Se levamos nossas crianças à igreja, só para dar-lhes brinquedos para brincar, se não os ensinamos a sentarem e permanecerem quietos num culto de adoração, ouvindo e se dobrando diante da autoridade de Cristo, zombamos do próprio Deus.
Através de tal ação, ensinamos às nossas crianças que igreja não é realmente importante, e que a Palavra pregada é algo que devemos apenas sentar e tolerar.
Se os nossos vizinhos olham para os nossos lares e não vêem nenhum grau de piedade maior da que eles têm em seus lares ímpios, eles dirão que a nossa religião é um lixo, que o nosso Cristo não significa nada, e que as verdades que proclamamos não têm suporte prático na maneira como vivemos e ensinamos nossas crianças a viver.
Nós temos a responsabilidade de organizar os nossos lares de acordo com a Palavra de Deus, para que carreguem um testemunho positivo da verdade do pacto de Deus, como vivemos em sua amável comunhão como aqueles redimidos por Cristo e que o amam.
E, eu poderia adicionar a que responsabilidade é colocada sobre nós não somente como pais individuais, mas como igreja. Todos nós somos responsáveis em ajudar e encorajar amavelmente uns aos outros na disciplina de nossos filhos. Digo isso estando completamente consciente do fato que essa é freqüentemente uma área na qual não temos liberdade de falar. J. C. Ryle, um pregador e escritor do século 19 na Igreja da Inglaterra, observou em seu livro O Cenáculo:
Como ministro, não posso deixar de ressaltar que dificilmente há algum assunto sobre o qual as pessoas são tão obstinadas como aqueles sobre os seus filhos. Tenho ficado às vezes completamente assombrado com a negligência de pais cristãos sensíveis em concordar que seus filhos estejam em falta, ou mereçam repreensão. Não são poucas pessoas a quem eu preferiria muito mais conversar sobre os próprios pecados delas, do que falar que seus filhos fizeram algo errado.
Essa atitude vista no século 19 não é diferente hoje; talvez seja pior. Que Deus nos livre, pais, de tal atitude.
Suas crianças, assim como as minhas, precisam de disciplina de acordo com a instrução do nosso Pai celeste. Salomão escreveu em Provérbios 19:18, e eu cito literalmente: “Castiga o teu filho, pois há esperança; e não deixes que tua alma se exalte até o matar.” Este último é o que você faz se rejeita castigar seus filhos de acordo com a vontade de Deus. Tão necessária é a disciplina dos nossos filhos, que ela é literalmente uma questão de vida ou morte, tudo dentro do soberano conselho e vontade de Deus. Quando nossos filhos erram, devem ver em nós a ira de Deus contra o pecado, para que possam ver também o perdão em Cristo Jesus.
II. A Vara e a Correção é a Disciplina Dupla que Nós Somos Chamados Para Aplicar Nos Nossos Filhos.
Ao contrário dos conhecidos ensinamentos do dr. Benjamin Spock, e os de muitos que têm rejeitado a Palavra de Deus, a vara é um instrumento necessário na disciplina dos nossos filhos. Isso é tão importante que Deus nos fala em Provérbios 13:24: “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.”
Não é fácil usar a vara de disciplina.
O mundo tem corrompido tanto o conceito de “amor,” que o nosso coração enganoso diria prontamente que é amor deixar uma criança fazer o que ela quiser, assim como falar o que desejar.
E eu gostaria que as mães notassem que a mãe é especificamente mencionada neste texto. Porque o chamado do pai é o de prover para a sua família, o chamado à disciplina inicial cai primeiramente sobre vocês mães que estão em casa. Esta é uma das razões pelas quais você é especificamente mencionada. Mas eu diria que há outra razão em conexão com esse chamado para usar a vara e a correção. Se o caráter mais forte do pai geralmente o induz a “provocar seus filhos à ira”, contra o que Paulo fala em Colossenses 3:21, a natureza mais gentil e geralmente mais carinhosa da mãe não inclina em direção ao mal oposto? Vocês mães tentariam corrigir seus filhos com umas poucas palavras duras, ou com um suave “Se você se aquietar agora mesmo, vai ganhar um pedaço de doce?”
As Escrituras, contudo, ensinam algo bem diferente. Ai de vós pais que rejeitam atender à Palavra de Deus na disciplina dos seus filhos! Pois Deus nos manda amar, e não odiar. “O que não faz uso da vara odeia seu filho.” O amor exige correção com a vara e repreensão! Se amamos nossas crianças, Deus diz que devemos fazer uso da disciplina e correção.
A vara é um instrumento genérico que pode tomar várias formas diferentes. Era um instrumento que era usado como a haste da lança. Às vezes denotava um cetro, a marca de autoridade usada por aquele que governava. Mas a vara também era usada para administrar disciplina corretiva e física. Para nós pode significar uma varinha, um cinto ou uma régua dura. Mas seja qual for este instrumento, ele é um meio de retornar uma criança desobediente à direção correta.
Devemos também notar nesta relação, que usar corretamente a vara nas nossas crianças requer amor. Muito frequentemente, onde disciplina física é exercida, não é feita com amor, para com Deus, nem para com a criança. Nós que devemos administrar tal disciplina às nossas crianças do pacto, devemos fazê-lo sob a autoridade de Deus e com a sua maneira e atitude. Esta atitude é revelada em Hebreus 12:6-8: “Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Deus não nos espanca brutalmente em sua correção. Ele nos ama.
Há uma razão também nesta relação de Deus prescrever o uso da vara. Leva somente um pouco de tempo e esforço para pegar o cinto. E para refletir a atitude de amor de Deus através da nossa carne reacionária e impaciente, é preciso que nos acalmemos e pensemos sobre o que estamos fazendo. Dar tapas na cabeça do seu filho, bater nele de mão cerrada, açoitar ou bater nele com qualquer objeto próximo, ou algo semelhante, é nada senão abuso das crianças a quem Deus confiou aos seus cuidados. E se esse tem sido o seu método ímpio de punir suas crianças do pacto, você deve arrepender-se diante de Deus e diante dos seus filhos ainda hoje!
Deus nos instrui a usar a vara em amor.
O castigo da vara, usada em amor, é um castigo imposto com rapidez e misericórdia. Embora nossos filhos possam questionar isso, não há castigo mais misericordiosamente imposto do que a vara. É o método de Deus, que termina rapidamente, sem necessidade de olhar com desprezo para a criança corrigida por horas e mesmo dias. A vara não é uma punição que mantém a criança na “casa de cachorro” do pai ou mãe. Além disso, o chamado de Deus para o uso da vara leva em consideração a saúde física da criança. Deus criou uma parte específica do corpo capaz de receber o impácto da vara sem ferir. É evidente que Deus não criou todas as partes do corpo para receber o golpe da vara. Quando nós, pais, fazemos uso da vara em amor, fazemos então não para machucar. Isto significa que não é para golpearmos nossas crianças nas costas, onde podemos causar lesões na coluna ou nos rins; nem no estômago, cabeça ou mãos; mas na carne do bumbum onde, se a vara for usada devidamente, poderá ser sentida intensamente.
E se você perguntar o que fazer com os filhos mais velhos, o texto fala a respeito deles também. Podemos concordar que a vara é boa para crianças mais novas. Mas como devemos disciplinar nossos adolescents? Bem, você pode ficar surpreso em ouvir que os adolescentes não devem ser excluídos do uso da vara quando necessário. É impressionante no texto, que Salomão implicitamente solicita o uso da vara e correção até que a criança se torne um adulto. O termo “criança” refere-se—como está claro no termo hebraico usado—a uma criança que atingiu a idade de independência, que está pronta para sair de casa e se casar.
Você descobrirá, quando administrar a disciplina ao seu filho da forma como Deus ordena e educá-lo a receber mais e mais responsabilidade e se tornar mais e mais dependente de Deus, que a vara não será frequentemente necessária com o seu adolescente. À medida que a criança do pacto amadurece no caminho da disciplina amorosa, sob o uso diligente da vara e correção enquanto criança, aprende a experimentar alegria e paz no lar. Ele cresce no conhecimento e compreensão da Palavra de Deus, do evangelho da salvação em Jesus Cristo. Ele percebe que a obediência à Deus é o caminho da felicidade. E a vara é menos freqüentemente necessária como um meio de instrução. Porém, ainda é um meio.
Mas juntamente com a vara deve ser usada a correção.
“A vara e a correção.” Quando a vara é usada, Deus ordenou que a disciplina seja dupla. A disciplina cristã apropriada não é ditadura, governada pelo poder com a vara somente. Separar esses dois é pedir que a correção de Deus caia sobre a sua cabeça. Eli corrigiu, mas poupou a vara; e ele teve que sofrer o tormento de ouvir que seus filhos foram mortos pela ira de Deus, e a arca do Senhor foi tomada pelos filisteus. Outros, contrário à Palavra de Deus, usam somente a vara. Agora, muitas vezes a questão da disciplina pode ser lidada com a correção apenas. A indicação de Provérbios 17:10 é, se a correção levar à tristeza de arrependimento, então deixe a vara de lado. Se não, use a vara e não deixe sua alma privar-se pelo choro da criança. Mas nunca use a vara sem correção.
Correção é instrução verbal na piedade.
A criança deve não somente ser afastada do caminho que conduz ao inferno, mas precisa ver o erro desse caminho diante de Deus e deve ser instruída na justiça. Nossas crianças devem ser ensinadas a avaliar suas ações específicas à luz das Escrituras. Elas devem ser ensinadas a dobrarem-se diante da autoridade de Deus. Precisam ser ensinadas porque as coisas que fizeram foram erradas aos olhos de Deus. A disciplina bíblica requer palavras. Quanto você pensa que aproveitaria da minha pregação, se tudo que eu fizesse fosse ficar de pé no púlpito semana após semana acenando com os meus braços e contorcendo a minha face, mas nunca dizendo uma palavra? A mensagem do evangelho não pode ser comunicada por meros gestos ou por bater com a mão no púlpito. Nem pode a instrução na disciplina cristã ser comunicada se toda a nossa disciplina resume-se a uma dolorosa mímica com uma vara. A ira de Deus foi exercida em nossa direção, para que ouvíssemos aquelas preciosas palavras: “Eu amo você em Cristo Jesus.” E mesmo agora, quando experimentamos a correção de Deus, é para nos conduzir no caminho em direção ao céu.
Quando entendemos essa preciosa verdade, então devemos expressar nosso amor para com as nossas crianças especialmente quando somos chamados a utilizar a vara. Devemos repreendê-los, expressando nosso amor por eles. Devemos assegurá-los que a vara não é utilizada com ódio, mas com um coração pesado que ama aquela criança em Cristo. Que coisa terrível é quando pais que professam ser cristãos espancam seus filhos, mas deixam de corrigi-los e apontá-los ao amor de Cristo. Quão totalmente perverso é para um pai bater em uma criança somente para deixá-lo como um cachorro, para lamber suas feridas. Não é de se admirar que quando tais crianças correm para seus quartos, batem a porta, e murmuram chorando: “Eu te odeio.” Tal atitude expressa por um pai que usa a vara, mas nunca corrige em amor, não tem semelhança, qualquer que seja ela, com a attitude que Deus expressa corrigindo suas crianças espirituais. Deus exige a vara e a correção.
E não podemos esquecer que a oração faz parte da correção, a qual traz pais e filhos para mais perto de Deus. A necessidade de oração na disciplina e instrução das nossas crianças não pode ser enfatizada demasiadamente. Por um lado, nós pais devemos repetidamente nos aproximar de Deus buscando perdão pelas nossas faltas em exercitar a disciplina da forma como ele nos ordenou. Precisamos fazer isto hoje e todos os dias. Precisamos orar por graça para obedecer a sua Palavra e nos prostrar diante da sua sábia instrução. Precisamos orar por muita sabedoria ao lidarmos com nossas crianças do pacto. Pois sabemos que se Deus fosse nos retribuir de acordo com as nossas iniquidades, cada uma das nossas crianças andaria no caminho para o inferno. E precisamos orar pelas nossas crianças. Devemos fazer isso não só de uma forma geral, mas especificamente, mencionando cada uma por nome e orando por necessidades específicas de cada criança e trazendo diante de Deus o problema específico que enfrentamos com aquela criança. Não raramente, tenho ouvido o testemunho de um filho de Deus, falando do seu pai cristão cuja disciplina estava bem distante do padrão bíblico. Mas uma coisa que o pai fazia, na presença dos seus filhos, era cair de joelhos para implorar o perdão de Deus para si e a sua misericórdia para com seus filhos. Tal oração deixa na mente e na alma da criança uma impressão que nunca a deixará. Na oração também devemos refletir o amor de Cristo para conosco. Ele ora sem cessar, servindo como o nosso fiel e constante Intercessor pelo seu Santo Espírito.
Em todas as coisas o Senhor Deus nos chama para refleti-lo, inclusive no exercício da disciplina de uma criança do pacto. E ele nos diz em Provérbios 3:11-12: “Filho meu, não rejeites a correção do SENHOR (não rejeite o seu uso da vara sobre você), nem te enojes da sua repreensão (correção). Porque o SENHOR repreende (corrige) aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.”
III. A Vara e a Correção Dão Sabedoria—e Isto é Disciplina Recompensada.
Deus ordenou que no caminho da disciplina cristã apropriada, ele revelará a sabedoria de Deus na face do nosso Senhor Jesus Cristo.
A vara de correção, utilizada com repreensão, afugentará a estultícia da criança do pacto de Deus. Tal é a promessa de Deus (Provérbios 22:15). Isso não quer dizer que você e eu, pelas nossas ações, fazemos que nossos filhos se tornem filhos de Deus. Se você examina a sua disciplina à luz do que tem ouvido das Escrituras, sabe que isto está longe de ser verdade. Tudo o que temos feito é dar-lhes uma natureza corrupta. Nem quer dizer que Deus é nosso devedor—que se criamos os nossos filhos na disciplina da vara e correção, como ele ordenou, Deus estará na obrigação de salvar os nossos filhos. Mas, de acordo com o seu eterno e soberano beneplácito, ele determinou que este é o caminho no qual devemos conduzir nossos pequeninos eleitos a Jesus.
Não há maior bênção para as nossas crianças, como filhos de Deus, do que ter pais piedosos que obedecem esta Palavra de Deus, que usam a vara e a correção quando Deus exige.
Tal é o reflexo do amor de Deus em Cristo Jesus por nós. Este amor de Deus está fundamentado na entrega do seu próprio Filho para a nossa adoção. Nosso Pai fez mais do que mostrar seu amor na cruz. Ele também constantemente nos assegura desse amor guiando-nos no caminho da justiça. Ele nos assegura do seu amor, não somente nos castigando, mas falando conosco na pregação do evangelho. Como pais, também precisamos experimentar esse amor. Precisamos estar preparados para confessar nossos pecados uns aos outros dentro das nossas famílias, e assim demonstrar na família nossa crença que a confissão e o perdão de pecados é a única forma de salvação. Assim, que amemos uns aos outros por causa de Deus.
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