Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Tendo falado da pregação e disciplina, chegamos agora ao difícil assunto dos sacramentos. Por um lado, é inquietante que os sacramentos, apontados por Cristo como marcas da unidade da igreja, sejam uma causa principal de divisões na igreja. Por outro lado, quase tudo o que uma igreja crê vem a se focar nos sacramentos, de forma que não é surpresa que eles marquem as divisões entre igrejas e cristãos. Falamos dos sacramentos não para promover divisões, mas com a esperança e oração que possa haver unidade na verdade.
O que são os sacramentos? A palavra sacramento vem de uma palavra latina que significa “juramento,” e embora não seja encontrada na Escritura, usamo-la porque cada sacramento é uma promessa ou juramento visível, tangível (tocável) de Cristo para a sua igreja.
A palavra sacramento é usada para se referir a certos ritos especialmente dados por Cristo à sua igreja para confirmar suas promessas a ela. Esses ritos devem ser usados na igreja até que Cristo volte (Mt. 28:19-20; I Co. 11:26).
Esses ritos ou cerimônias são símbolos ou sinais. Isso é evidente a partir do fato que Jesus chama o pão da ceia do Senhor de “meu corpo,” e o cálice de “o novo testamento no meu sangue” (Lucas 22:20). Visto que o pão e o cálice não podem ser essas coisas literalmente, como esperamos mostrar, devem ser sinais do corpo e sangue de Cristo.
Vemos essa mesma coisa no batismo. A Escritura chama pelo mesmo nome o batismo com água e o lavar dos pecados pelo sangue de Cristo. Tanto o sinal como a realidade espiritual têm o mesmo nome: batismo (compare Atos 2:41 e I Pe. 3:21).
Esses símbolos e sinais são dados para ajudar a nossa fé (Juízes 6:36-40; Lucas 1:18-20; Lucas 2:12). Eles ajudam a nossa fé de duas formas: retratando as realidades invisíveis e espirituais; e apontando para Cristo como o Salvador completo. Necessitamos deles porque nossa fé é freqüentemente fraca, e devemos crer sem ver (João 20:29; II Co. 5:7).
Crendo que há continuidade entre a circuncisão e o batismo, e entre a páscoa e a ceia do Senhor, vemos os sacramentos como selos (Rm. 4:11) também. De fato, se são sinais, devem ser selos também, pois sinais sempre confirmam ou selam algo.
Como selos, os sacramentos não funcionam apenas retratando realidades espirituais aos crentes e nos ensinando certas coisas, mas também fortalecendo e confirmando a nossa fé. Os sacramentos fortalecem nossa fé ao nos assegurar no batismo que tão verdadeiramente como a água lava os nossos corpos, assim o sangue de Cristo lava as nossas almas, e na ceia do Senhor que tão verdadeiramente como o pão e o vinho nos nutrem e refrescam, assim Cristo é diariamente a comida, bebida e vida das nossas almas.
Os sacramentos, então, são um testemunho maravilhoso e extraordinário da bondade e misericórdia de Deus, que não nos despreza, mas nos sustenta em nossa fraqueza. Por essa razão, os sacramentos são necessários, e nosso uso deles é uma evidência da nossa confiança em Deus.
Fonte: Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 255-256.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em 29 de novembro/2007.
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