Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Por que existem dois sacramentos e somente dois? Essa questão precisa ser respondida por causa dos erros do Romanismo com seus sete sacramentos, e por causa da tendência de alguns grupos Protestantes em exaltar coisas, tais como lavar os pés, manusear serpentes e outros ritos, a um lugar na igreja de igualdade aos sacramentos.
Como sabemos que algo é um sacramento? A resposta é que ele deve ser um ritual simbólico ordenado por Cristo mesmo e confirmado pelo mandamento ou prática dos apóstolos. Referimo-nos a isso como a “instituição” dos sacramentos. Fica excluído então o lavar os pés, que, embora realizado por Cristo, não foi ordenado por ele como um rito da igreja, nem confirmado por mandamento ou exemplo dos apóstolos.
Torna-se claro que os sacramentos adicionados por Roma não satisfazem esses critérios mais que o lavar os pés. Confirmação de crianças, penitência e ordens religiosas não são simbólicos de algo, e práticas tais como último sacramento (“extrema-unção”) e ordens religiosas não foram ordenados por Cristo ou pelos apóstolos. Nem é o casamento, embora simbólico, requerido por Cristo ou os apóstolos como um sacramento da igreja (1Co. 7:1, 6-8, 25-27, 32-34).
Tudo isso, contudo, não responde a pergunta, “Por que dois sacramentos?”, e mais particularmente: “Por que esses dois – batismo e ceia do Senhor?” Essas questões devem ser respondidas para que possamos fazer um uso mais proveitoso dos sacramentos.
A razão pela qual existem somente dois sacramentos é encontrada nos próprios sacramentos. Juntos eles simbolizam o todo da nossa vida cristã. O batismo simboliza nossa entrada no pacto e salvação de Deus, e a forma como entramos. A ceia do Senhor simboliza nossa vida dentro desse pacto à medida que desfrutamos e vivemos a salvação que Cristo nos deu gratuitamente. Não há nenhuma necessidade ou lugar, portanto, para outros sacramentos, pois não há mais nada para simbolizar.
A coisa maravilhosa sobre os sacramentos é que, ao retratar esses dois aspectos de nossa vida cristã, eles dão um testemunho unido a Cristo. Juntos eles dizem que tudo o que temos é dele, por meio dele, para ele, e nele—que sem ele não somos e não temos nada. Juntos dizem o que Pedro diz em Atos 4:12: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” O testemunho deles é aquele de Paulo em Efésios 1:3: que temos “todas as bênçãos espirituais” em Cristo.
Os sacramentos falam do fato que a morte e sangue de Cristo são centrais. O batismo nos lembra que por seu sangue e sacrifício entramos na vida cristã. A ceia do Senhor adiciona que pelo sangue e sacrifício de Cristo, vivemos, nos movemos e temos nossa existência, força e alimento espirituais, um vez que tenhamos entrado na comunhão de Deus. O sacrifício de Cristo é tudo para nós.
Que dons maravilhosos Deus nos deu nos sacramentos! Não usemo-los com descuido e sem fé.
Fonte: Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 257-258.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em 29 de novembro/2007.
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