Rev. Ronald Hanko
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Recebemos a seguinte questão a respeito dos artigos sobre supra- e infralapsarianismo publicados recentemente. A questão é: “Eu sei que freqüentemente se diz que Dort e Westminster eram infralapsarianas. Isso pode ser assim nos Cânones (de Dort), Art. 7 (capítulo 1), mas Westminster parece ser muito mais enfática sobre este ponto (Confissão, III, sec. I,ii,iii.). Há alguma afirmação nos Símbolos de Westminster com a qual se possa provar que eles definitivamente eram infra?”
Lembre-se que infralapsarianismo é o ensino que Deus primeiro decretou a queda (lapsus significa “queda”) e então decretou salvar alguns, i.e., a ordem do plano de Deus é a mesma que a ordem da história. O supralapsarianismo ensina que Deus primeiro escolheu alguns em Cristo para serem seus, e então decretou a queda como parte do caminho no qual ele fará com que eles sejam seus, i.e., a ordem do plano de Deus é o oposto da ordem histórica.
A afirmação dos Cânones é: “Eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por pura graça. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, o qual caiu por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição.” De acordo com os Cânones, quando Deus escolheu alguns, ele os escolheu como aqueles que (em seu decreto) já tinha caído em pecado. Isto é infralapsarianismo.
A Confissão de Westminster é também, embora talvez menos claramente, infralapsariana em III, vii: “Segundo o inescrutável conselho de sua própria vontade, pela qual ele concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz, para a glória de seu soberano poder sobre as suas criaturas, para louvor de sua gloriosa justiça, o resto dos homens foi Deus servido não contemplar e ordená-los para a desonra e ira por causa de seus pecados“. As palavras enfatizadas dizem que quando Deus elegeu alguns e rejeitou outros, ele já os estava vendo como caídos.
Os Cânones também dizem o mesmo no Capítulo I, Artigo 15: “A Escritura Sagrada mostra e recomenda a nós esta graça eterna e imerecida sobre nossa eleição, especialmente quando, além disso, testifica que nem todos os homens são eleitos; alguns, pois, são preteridos na eleição eterna de Deus. De acordo com Seu soberano, Justo, Irrepreensível e Imutável bom propósito, Deus decidiu deixá-los na miséria comum em que se lançaram por sua própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça da conversão.” O que, também, é infralapsarianismo.
Nós incluímos essas citações longas para mostrar que ambos os credos, conquanto infralapsarianos, estão ensinando claramente a predestinação soberana, eterna e dupla, incluindo tanto eleitos quanto réprobos. O infralapsariano não compromete, como alguns sugerem, a doutrina da predestinação.
Contudo, nós novamente enfatizamos que estes assuntos são em grande medida simplesmente inferência do ensino da palavra de Deus, os quais, na proporção em que contém verdade bíblica, há algo a ser dito em favor de cada visão, e que eles não devem, portanto, se tornarem uma questão de divisão entre o povo de Deus. Que não deixemos ela se tornar tal coisa!
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