Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Algumas vezes na Escritura os decretos de Deus são descritos como sua vontade. Essa Palavra nos diz que os decretos de Deus não são um plano morto que Deus armazenou longe, em algum lugar no céu, mas que são a própria mente de Deus. Quando falamos sobre seus decretos, estamos falando sobre ele.
Isso é extremamente importante. Significa, por um lado, que os decretos de Deus manifestam todos os atributos do próprio Deus. Seus decretos, como ele, são eternos, imutáveis, perfeitos e soberanamente livres.
Precisamos enfatizar isso, pois há muitos que ensinam que Deus quer (deseja) que todos os homens sejam salvos, mas que a salvação deles agora depende das suas escolhas. A vontade de Deus, nesse caso, não seria soberana.
Outros ensinam que Deus tem duas vontades, a primeira da qual é eterna, imutável e soberana (irresistível); a segunda da qual é mutável, resistível, temporária, contradizendo a primeira vontade de Deus. Eles dizem que Deus escolheu eternamente alguns para a salvação em Jesus Cristo; isto é, ele quis a salvação deles. Contudo, assim é dito, Deus também quer a salvação de todos os homens, pois ele expressa na pregação do evangelho um desejo (vontade) de que todos os homens sejam salvos.
De acordo com esse ensino, Deus deseja (no evangelho) e não deseja (na predestinação) a salvação de alguns. E não obstante ele desejar a salvação de todos na pregação, isso nunca será cumprido, e o desejo é somente para aqui e agora e não para a eternidade; é um desejo incompleto e que não possui cumprimento.
Objetamos a esse ensino, pois o mesmo diz que a vontade de Deus, e, portanto, o próprio Deus, é incompleta, irrealizável, mutável, resistível (não soberana) e temporária. Diz que há contradição (imperfeição) em Deus. Ensina ainda que ele não é apenas um, mas dois, visto que tem duas vontades sobre as coisas. Tudo isso nega que Deus é realmente Deus.
A Escritura ensina que Deus tem apenas uma vontade, e que ele realiza tudo quanto deseja. O Salmo 115:3 e 135:5-6 ensinam isso claramente. Os dois salmos ensinam isso no contexto de algumas declarações poderosas sobre a idolatria. Dizer que Deus não faz toda a sua vontade—que sua vontade pode permanecer incompleta e sem cumprimento—é dizer que ele não é Deus e assim, é cometer o pecado de idolatria. Isso é o que esses salmos estão dizendo.
No que você crê? Você diz que Deus tem duas vontades sobre os homens e sua salvação? Você ousa dizer que a sua vontade não é mais forte que a deles, e que ele pode ser frustrado no que deseja?
Não é bíblico e muito mais confortador crer que “o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz”? Ele é, afinal de contas, Deus.
Fonte (original): Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 78-79.
1E-mail para contato: [email protected]. Traduzido em junho/2007.
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